ELEIÇÕES 2022

Barroso sobre atos de Bolsonaro: "Limitações cognitivas e baixa civilidade"

De saída do TSE, Barroso diz que Bolsonaro "queimou a largada" com nova crítica às urnas eletrônicas: "Não precisa de fatos, a mentira já está pronta"

Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal.Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal FederalCréditos: Divulgação/TSE
Escrito en POLÍTICA el

Prestes a deixar a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - que será comandado por Edson Fachin a partir do dia 22 e por Alexandre de Moraes nas eleições de outubro -, Luís Roberto Barroso fez duras críticas a Jair Bolsonaro (PL), que promoveu uma série de fake news e atos contestando o sistema eletrônico de votação durante o tempo, de 1 ano e 9 meses, em que esteve à frente da corte.

"Comício do presidente na porta do quartel-general do Exército, tanques na Praça dos Três Poderes, a minguada manifestação do 7 de setembro com discursos golpistas de desrespeito a decisões judiciais e ataques a ministros. Tudo isso eu acho que mais revela limitações cognitivas e baixa civilidade do que propriamente um risco real", disse Barroso após afirmar que "o TSE assegurará eleições livres, limpas e seguras".

Barroso ainda reagiu aos novos ataques de Bolsonaro contra o sistema de votação, classificando como "filme repetido". O ministro disse ainda que o presidente antecipa sua estratégia de campanha eleitoral ao declarar que as Forças Armadas questionaram o TSE sobre vulnerabilidades nas urnas eletrônicas.

"O que há de minimamente verdadeiro: há um representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência das Eleições. Em dezembro, ele apresentou uma série de perguntas para entender como funciona o sistema. Elas entraram às vésperas do recesso. Em janeiro, boa parte da área técnica do TSE faz uma pausa, e agora as informações solicitadas estão sendo prestadas e vão ser entregues na semana que vem. Só tem perguntas. Não há nenhum comentário. Não falam de vulnerabilidade. Quando o presidente diz que encontraram vulnerabilidades antes mesmo de receber as respostas às indagações, ele está adiantando, desavisadamente, a estratégia que ele pretende adotar. Para falar a verdade, ele queimou a largada. Ele lança mão dos questionamentos feitos pelo representante das Forças Armadas, quando, na verdade, tudo o que foi feito foram algumas perguntas e, antes de ter recebido as respostas, já disse que tem vulnerabilidades. Ele antecipou a estratégia dele, que é: não importa quais sejam as respostas, eu vou dizer que o sistema eleitoral eletrônico tem vulnerabilidades. Ele não precisa de fatos, a mentira já está pronta".

Barroso também afirmou que o TSE pode suspender o aplicativo Telegram no Brasil caso a plataforma não opere de acordo com a Constituição.

"Liberdade de expressão não é liberdade para vender arma. Não é liberdade para propagar terrorismo, para apologia ao nazismo. Não é ser um espaço para que marginais ataquem a democracia. Portanto, ninguém quer censurar plataforma alguma, mas há manifestações que não são legítimas. É justamente para preservar a democracia que não queremos que estejam aqui livremente plataformas que querem destruir a democracia e a liberdade de expressão", disse o ministro.