STF

Mendonça rejeita suspeição e segue relator de ação contra Bolsonaro

Em curto despacho, ministro do STF rejeitou pedido de Randolfe Rodrigues para que ele não atue na ação sobre demissões no Iphan feitas por Bolsonaro

Jair Bolsonaro e André Mendonça após aprovação em sabatina pelo Senado.Créditos: Presidência da República
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Alçado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na vaga de "ministro terrivelmente evangélico" para cumprir tudo que Jair Bolsonaro (PL) viu nele, André Mendonça rejeitou um pedido de suspeição feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e vai seguir à frente do caso que pede investigação do presidente por interferência no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).  

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Em curto despacho, Mendonça diz que "quanto à alegação de suspeição deste Ministro, veiculada por meio da peça de nº 5, não reconheço a presença, no caso concreto, de quaisquer de suas hipóteses legais".

O pedido foi feito pela defesa do próprio senador, que moveu o processo para que Bolsonaro fosse investigado pelos crimes de prevaricação e advocacia administrativa em razão de declarações que deu sobre demissões no Iphan.

Em dezembro do ano passado, Bolsonaro contou aos risos que demitiu uma equipe do Iphan porque os servidores paralisaram uma obra da loja Havan, de seu amigo Luciano Hang, após encontrarem azulejos antigos nas escavações da obra.

Ao narrar a história, Bolsonaro revelou ainda que não sabia sequer o que era o Iphan e que seu “ministro da pasta” teve que explicar o que era e para que serve o setor federal responsável pelo patrimônio histórico e artístico brasileiro.

“Há pouco tempo tomei conhecimento que uma obra, de uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, que tava fazendo mais uma obra... E apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Aí, chegou o Iphan e interditou a obra. Bem, eu liguei pro ministro da pasta... “Que trem é esse?”. Eu não sou tão inteligente como meus ministros. “O que que é Iphan, ‘ph’?”. Explicaram pra mim, tomei conhecimento e ripei todo mundo do Iphan... Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça pra gente”, contou a empresário na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Tudo que vi no André Mendonça ele vai cumprir"

No mesmo discurso, Bolsonaro se vangloriou do aparelhamento que tem feito em instituições públicas citando a indicação de Mendonça no STF.

Após dizer que "não vou pedir nada a ele", Bolsonaro falou que, no Supremo, o ex-ministro da Justiça e ex-Advogado-Geral da União (AGU) vai seguir a linha orientada por ele quando Mendonça esteve no governo.

"Tudo que vi ao longo de três anos no André Mendonça ele vai cumprir no Supremo. Pautas conservadoras, econômicas, entre outras. Não vamos ter sobressaltos com ele lá", disse Bolsonaro, se vangloriando.

"Indicação de quem? Pressionado por quem? É o que eu digo: curriculo vale? Vale. Mas pra ser indicado para lá tem que tomar tubaína comigo. Tem que olhar ele em campo e ver o que sabe fazer. Senão, não dá certo", afirmou.

Na sequência, Bolsonaro se vangloria de ter tido revertido uma possível votação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) a partir da indicação da desembargadora Morgana de Almeida Richa, que toma posse no dia 22.

"Conheci, depois de conversar por poucas horas, uma candidata ao TST, que todos vocês têm interesse lá, né?", indagou sorridente. "Tribunal Superior do Trabalho. Quando eu cheguei, estava perdendo por um voto. Pessoal mais à esquerda do pessoal mais à direita. Agora já estamos ganhando por 3. Indiquei a senhora Morgana analisando os seus julgados no passado. Não vai atrapalhar os senhores", disse Bolsonaro aos empresários.