O deputado federal Paulo Pimenta (PT-SP) foi à tribuna da Câmara para se pronunciar sobre a ameaça de processo recebida do juiz federal Marcelo Bretas, que encabeça as ações da Lava Jato no Rio de Janeiro, após ter feito publicações contra o magistrado, sobre quem recaem suspeitas na condução dos trabalhos relacionados ao caso.
Indignado, o parlamentar disse que não ficará acuado com o autoritarismo de Bretas e relembrou a militância de extrema direita do juiz, que não deveria se envolver com a política pela natureza de sua função, e citando até os casos de proximidade com ex-governador fluminense cassado Wilson Witzel.
“Prezada deputada Alice Portugal, que preside a sessão, prezadas senhoras e senhores deputados, público que nos acompanha pela TV Câmara. Ontem li uma notícia em que o senhor ministro Gilmar Mendes anunciava que estava compartilhando com o STJ e com o CNJ as informações que constam em 3 delações premiadas de que ele é relator e que dizem respeito ao juiz Marcelo Bretas. Existem investigações em curso no STJ, no CNJ e, pela gravidade do conteúdo das delações, o ministro Gilmar Mendes decidiu compartilhar estas informações com os órgãos que investigam Marcelo Bretas. E ele, covarde como ele é.... Eu retuitei essa matéria, o Tiago dos Reis, do Plantão Brasil, também retuitou, mas ele é covarde. Ele não resolveu anunciar que ia processar a Veja ou o G1, não, ele achou que iria publicar um tweet dizendo: “vou processar o Tiago dos Reis, do Plantão Brasil. Vou processar o deputado Paulo Pimenta”, como se nós fossemos ficar acuados diante dessa figura patética, que ficou conhecida no Brasil não só por ser um juiz autoritário e suspeito de crimes, na condução da Operação Lava Jato, como também aquele que é casado com uma juíza e os dois recebem auxílio-moradia, morando em um grande apartamento no bairro do Flamengo, ou aquele que esteve nos estandes de tiro com os bolsonaristas durante a campanha eleitoral, que voou no avião do Witzel para posse do Bolsonaro e depois botou a irmã para trabalhar no gabinete do Witzel”, disparou Pimenta.
O petista disse também que não teme a toga usada por Bretas e o fato dele adorar se exibir armado, reafirmando que o magistrado é suspeito de cometer ilegalidades. Ele encerrou dizendo o chefe da Lava Jato do Rio deveria estar em Bangu (presídio).
“Será mesmo que o Marcelo Bretas acha que vai nos intimidar? Eu quero mandar um recado para o Juiz Marcelo Bretas: não se acovarde, quero que o senhor me processe. Já vou adiantar, inclusive, que o Deputado Wadih Damous é o meu advogado. Nós vamos requerer exceção da verdade, eu quero ter acesso às delações. Eu quero ter acesso ao inquérito para produzir prova contra o senhor, porque eu espero que o senhor tenha o mesmo destino do Dallagnol e do Sérgio Moro. O senhor é uma farsa e será desmascarado, acabará na cadeia, que é o lugar de todos vocês. Então, não se acovarde Dr. Marcelo Bretas. Eu estou esperando a sua petição. Nós vamos protocolar um pedido de acesso a todas as investigações que existem a seu respeito para termos condições de, por meio da exceção da verdade, produzir provas. O senhor está mal acostumado, o senhor acha que as pessoas têm medo da toga, do seu jeito autoritário, que anda armado, mas estou lhe dizendo em alto e bom som: não se acovarde, Dr. Marcelo Bretas, entre na Justiça contra nós, porque nós vamos desmascará-lo e mostrar para o Brasil que o senhor é uma grande farsa, que deveria estar em Bangu junto com o Bolsonaro e essa turma de bandidos”, encerrou.
Bretas não gostou de publicação
O juiz federal Marcelo Bretas ameaçou processar o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) por uma publicação feita pelo parlamentar nas redes sociais sobre a ação que tramita no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o magistrado. Pimenta, então desafiou Bretas a ingressar com ação.
"Gilmar Mendes acaba de compartilhar com o CNJ provas de 3 delações que incriminam BRETAS!! Bretas tinha parceria com advogado e vendia sentenças em troca de muito dinheiro, segundo as delações", escreveu Pimenta em suas redes sociais ao saber do compartilhamento de provas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com o CNJ.
"Seu comentário criminoso não ficará impune. Apenas aguarde a ação penal que segue…", respondeu o magistrado.
Pimenta, então, decidiu retrucar desafiando o magistrado a processá-lo. Caso o processo, de fato, se concretize, Pimenta pode conseguir acesso às delações que foram compartilhadas com o CNJ.