Blogueiro é condenado por fake news propagada por Bolsonaro ligando facada ao PSOL

PSOL processou Oswaldo Eustáquio por acusar o partido de ter agido junto com Adélio Bispo no episódio da facada em Bolsonaro. Pena inclui ainda prisão em regime aberto.

Oswaldo Eustáquio com Eduardo e Michelle Bolsonaro (Reprodução/Redes Sociais)
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O blogueiro Oswaldo Eustáquio foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Paraná a indenizar o PSOL em R$ 10 mil por crime de difamação.

O processo foi movido pelo PSOL após Eustáquio repetir a teoria da conspiração propagada por Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos ligando o partido a Adélio Bispo, autor da facada durante a campanha presidencial em 2018.

Em abril de 2020, o blogueiro disse que um braço político ligado ao PSOL teria agido junto com Adélio - que foi filiado à sigla entre 2007 e 2014, mas nunca militou.

Além da indenização de R$ 10 mil ao partido, Oswaldo Eustáquio Filho foi condenado a uma multa no valor de um salário mínimo e à pena de detenção de quatro meses e 20 dias - que deverá ser cumprida em regime aberto.

Essa é uma das principais teses defendidas por Bolsonaro, que instou a Polícia Federal a abrir novo inquérito sobre o caso, mesmo após a conclusão de que Adélio tem problemas mentais e agiu sozinho.

Reunião secreta com investigadores

A teoria que culpa o PSOL e partidos de esquerda foi compartilhada por Bolsonaro em reunião secreta com investigadores do caso no Palácio do Planalto no início de dezembro do ano passado.

Uma das novas “linhas de investigação” discutidas na reunião de dezembro foi a hipótese de Adélio Bispo ter utilizado um jatinho com um prefixo frio para se deslocar até a cidade mineira e desferir o golpe de faca contra o presidente.

O delegado Martin Bottaro Purper, que já comandou investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), foi escalado para reabrir as investigações.

Desesperado, Bolsonaro tenta ressuscitar a facada

Desesperado com os resultados das pesquisas de intenções de voto, que mostram sua desidratação e a vitória de Lula (PT), Bolsonaro tenta ressuscitar o episódio da facada e atribuir o atentado à esquerda. Recentemente, quando foi internado mais uma vez por obstrução intestinal, ele resgatou sua posição como vítima do “comunista Adélio Bispo”.

Esta estratégia já vinha sendo preparada desde antes do Natal. No fim de novembro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região autorizou a investida contra Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos advogados de Adélio Bispo, e o delegado Rodrigo Morais Fernandes reabriu o caso.

No entanto, pouco depois, ele foi transferido pelo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, para um cargo nos EUA. Fernandes fará parte da força-tarefa El Dorado, que é coordenada pela Homeland Security Investigations (HSI), com sede em Nova York.

O delegado, que chegou a ser atacado por Bolsonaro por conta da condução dada por ele às investigações sobre o episódio, concluiu no inquérito policial que Adélio Bispo teria agido sozinho. Tempos depois, o caso foi reaberto e mais uma vez foi definido que o autor da facada não recebeu ajuda de ninguém para cometer o atentado. O caso, ocorrido em Juiz de Fora na tarde de 6 de setembro de 2018, é cercado de mistério e pontos confusos que nunca foram devidamente esclarecidos.

O próprio presidente, já depois de eleito, e que tem predileção por atribuir tudo que ocorre à esquerda, nunca questionou os resultados das investigações e até abriu mão de recorrer do arquivamento do caso, uma atitude absolutamente contraditória em relação à sua personalidade punitivista e que a todo custo tenta jogar culpa nos adversários políticos.