Após críticas, Ciro diz que "não dá para passar pano" para defesa do nazismo

Criticado por publicação desastrosa no Twitter, Ciro subiu o tom e disse que Monark "frequentou o limite do crime"

Reprodução/Twitter
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Durante seu programa Ciro Games, o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência, subiu o tom contra Bruno Aiub, conhecido como Monarkpor ter defendido a existência de um partido nazista no Brasil durante o Flow Podcast. Após ser criticado por uma publicação no Twitter, Ciro disse que "não dá para passar pano" para Monark.

Segundo Ciro, Monark "frequentou o limite do crime" com o comentário feito e "não dá para passar pano". "Foi um erro grave. É intolerável que você aceite a organização do nazismo", sustentou.

"Foi muito mal, foi péssimo", disse ainda o pré-candidato, que considerou a opinião de Monark como "desastrada" e "trágica".

Assista ao vídeo:

https://twitter.com/cirogomes/status/1491205627309400064

Horas antes, o ex-ministro fez um comentário que foi alvo de muitas críticas por amenizar a responsabilidade de Monark no episódio.

"Sob nenhum pretexto se pode defender a criação de um Partido Nazista. O nazismo é a negação não apenas da democracia mas da própria vida. Houvesse um pouco mais de leitura e um pouco menos de vontade de chocar, que é próprio da juventude, Monark não teria cometido este tão grosseiro erro", escreveu Ciro.

Monark tem 31 anos, já fez outros comentários que foram bastante criticados anteriormente e lucra justamente com as opiniões - ruins e, nesse caso, criminosas - que emite.

"Que juventude, Ciro? Que juventude? Um cara de 30 anos falando merda na internet e vamos pautar a questão pelo viés da juventude? Homens são homens, chega de serem infantilizados para se eximirem da responsabilidade sobre o que dizem", escreveu a linguista Jana Viscardi.

Monark é alvo de ação no MP após defesa de partido nazista

O coletivo Judeus e Judias pela Democracia de São Paulo entrará com representação criminal contra Monark para que ele seja investigado pelos crimes de apologia ao nazismo, incitação à violência, injúria racial e intolerância religiosa. As ações serão encaminhadas ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Ministério Público Federal (MPF) e Procuradoria-Geral do estado de São Paulo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério Público abriram investigações para apurar o caso.

Através das redes sociais, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou a fala de Monark e a classificou como apologia ao nazismo. “Qualquer apologia ao nazismo é criminosa, execrável e obscena. O discurso do ódio contraria os valores fundantes da democracia constitucional brasileira. Minha solidariedade à comunidade judaica”, escreveu o magistrado. O ministro Alexandre Moraes também se manifestou no mesmo sentido.

O crime de apologia ao nazismo é previsto pela Lei 7.716/1989, e estabelece como pena reclusão de dois a cinco anos e multa.

À Fórum, a antropóloga Adriana Dias, pesquisadora e especialista no fenômeno do neonazismo, explicou que o nazismo não pode ser tratado como liberdade de opinião. “Dar voz a uma minoria, a um partido nazista, não é dar voz a uma liberdade de opinião, porque rapidamente grupos radicais como o partido nazista, usam de todas as ferramentas possíveis e terríveis de violência para chegar ao poder e destruir todas as outras minorias”, atestou.