Caso Moïse: Dono diz que não sairá de quiosque cedido à família do congolês

No último final de semana, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que parentes de Moïse seriam novos concessionários dos quiosques Biruta e Tropicália

Painel para Moïse no Quiosque Tropicália. Foto: Divulgação
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O dono do quiosque Biruta, vizinho ao quiosque Tropicália, onde Moïse Kabagambe foi morto à pauladas após cobrar duas diárias de trabalho, disse em entrevista ao UOL que não vai ceder o espaço para a Prefeitura do Rio de Janeiro.

"Não vou sair. Estive conversando com algumas pessoas, e a orientação que tive é deixar rolar. Estou naquele ponto desde 1978 e não vou abandoná-lo", afirmou Celso Carnaval, que é aposentado. Em depoimento à polícia, um dos suspeitos da morte de Moïse disse que o espaço era administrado pelo policial militar Alauir de Mattos Faria e sua irmã Viviane.

Carnaval admitiu que é amigo de Viviane e a colocou para trabalhar no quiosque para ajudá-la num momento em que ela enfrentava dificuldades financeiras. No entanto, negou saber que o irmão era PM. Já Lennon Correia, advogado do PM Faria, disse ao Estadão Conteúdo que seu cliente é amigo do dono do quiosque.

A administração do espaço é alvo de ação legal desde julho de 2021. Na época, a concessionária responsável por administrar 309 quiosques, Orla Rio, entrou com um processo para reintegração de posse, entretanto, nenhuma decisão foi tomada até o momento.

Prefeitura cede quiosques à família de Moïse

Ontem, a prefeitura anunciou a cessão imediata do quiosque Tropicália, mas admitiu que ainda há pendências em relação ao Biruta.

Em nota, a Orla Rio afirmou que "primeiro vai começar a estruturar o projeto no quiosque onde funcionava o Tropicália". "A concessionária só dará início à segunda fase [no Biruta] junto à família de Moïse, quando tiver conseguido reaver a posse". "Enquanto isso, a empresa aguarda o andamento do processo na Justiça."

No último sábado (5), a prefeitura do Rio informou, por meio da Secretaria Municipal de Fazenda, que transformaria os quiosques Biruta e Tropicália, na Barra da Tijuca, em um memorial em homenagem à cultura congolesa e africana.

O prefeito Eduardo Paes completou a informação através de sua conta do Twitter: “e a melhor notícia: a família passa a ser a nova concessionária do Quiosque! Não à banalização da barbárie!”

De acordo com a prefeitura, a reformulação dos quiosques pretende celebrar a “cultura e alegria do povo africano, tendo ali um ponto de referência com comida típica, e trazendo a oportunidade de empregar refugiados que vivem na cidade”.

O secretário Pedro Paulo afirmou que “o que aconteceu foi algo brutal, inaceitável e que não é da natureza do Rio. É nosso dever ser uma cidade antirracista, acolhedora e comprometida com a justiça social”.