VEREADOR INTERNACIONAL

PGR volta a blindar Bolsonaro e diz que não há crime na estranha ida de Carluxo à Rússia

Parecer assinado pela subprocuradora bolsonarista Lindôra Araújo se dá no âmbito de ação protocolada por Randolfe Rodrigues, que questiona presença do "gabinete do ódio" na viagem presidencial

Carlos com Jair Bolsonaro na Rússia.Créditos: Alan Santos/PR
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Em manifestação enviada nesta quarta-feira (2) ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR), como de praxe, blindou Jair Bolsonaro (PL) e seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo a subprocuradora Lindôra Araújo, tida na PGR como uma bolsonarista, não há crime na presença de de Carluxo e de outros integrantes do chamado "gabinete do ódio" na recente viagem do presidente à Rússia

O parecer foi enviado no âmbito de uma ação, endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, feita pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Na ação, o parlamentar pediu para que a Corte investigue as circunstâncias da viagem de Bolsonaro à Rússia e, especialmente, a motivação da ida de Carluxo e do assessor Tercio Arnaud

Isso porque tanto Carlos como Arnaud são integrantes do chamado "Gabinete do Ódio", grupo composto por bolsonaristas que dissemina ataques a opositores e notícias nas redes sociais. 

Segundo o senador, as presenças de Carlos Bolsonaro e Tércio Arnaud na viagem à Rússia levantam suspeitas, visto que, a pedido do governo russo, a comitiva brasileira teve que ser reduzida, deixando de contar com a presença, por exemplo, de ministros como Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura). "Esses foram preteridos para manutenção das presenças questionáveis do vereador internacional Carlos Bolsonaro e do 'especialista' internacional Tercio Arnaud, que estariam tendo agendas bastante estranhas em solo russo", escreveu Randolfe. 

Randolfe lembrou que Carlos Bolsonaro é vereador pelo Rio de Janeiro e que Tercio Arnaud é dono de uma das 88 contas no Brasil que foram suspensas pelo Facebook e pelo Instagram por infringir as regras de conduta dessas redes sociais. Para o parlamentar, a falta de publicidade das agendas de Bolsonaro e dos integrantes da comitiva na Rússia causa estranhamento e traz suspeitas de que o objetivo da viagem fosse articular algum tipo de plano para influenciar nas eleições deste ano, já que o país governado por Vladimir Putin é acusado de influenciar pleitos mundo afora através de ataques hacker. 

"Apenas suposições"

Em sua manifestação ao STF, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo afirma que os elementos trazidos por Ranfolfe na petição não passam de "suposições", e que não há elementos para justificar a prática de crime por parte de Bolsonaro ou dos integrantes da viagem. 

"Os demais apontamentos, em uma análise preliminar, afiguram-se como suposições que, a princípio, não angariam plausibilidade jurídica. Ressalte-se, que as críticas e opiniões pessoais do Senador serão bem-vindas na tribuna ou como matéria midiática, mas não como representação criminal, não tendo qualquer pertinência ou prevenção com o INQ 4874/DF", escreveu a representante da PGR. 

Lindôra sugeriu que o ministro Alexandre de Moraes, "se entender pertinente", oficie a presidência da República a prestar mais informações sobre a viagem.