MEIO AMBIENTE

Podres poderes: Lira ignora apelo de Caetano e pauta urgência de mineração em terras indígenas

Presidente da Câmara criará grupo de trabalho, composto por 70% de governistas, para analisar tema. Desculpa esdrúxula de extrair potássio para produzir fertilizantes segue sendo repetida por aliados de Bolsonaro

Jair Bolsonaro e Arthur Lira (YouTube/Reprodução).
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Mesmo com toda a mobilização da sociedade e com o ato organizado pelo cantor e compositor Caetano Veloso e outros artistas na frente do Congresso Nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, resolveu “tratorar” a opinião pública e colocou em votação na noite desta quarta-feira (9) um requerimento de urgência para acelerar a aprovação do PL 192/20, que pretende autorizar atividades de mineração em terras indígenas.

Como não há comissões sobre o tema formadas na Câmara, Lira determinou a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para a análise da matéria num período de 30 dias. O problema é que os GT’s não respeitam a proporcionalidade das bancadas na Câmara e são formados por 70% de parlamentares do governo e apenas 30% de oposição.

Se as pretensões de Lira se confirmarem, com a aprovação do requerimento de urgência, a liberação da famigerada mineração em terras indígenas pode ser levada a votação no plenário dentro de um mês, atendendo à sanha desesperada de Jair Bolsonaro e de seus principais ministros, que repetem exaustivamente a descabida justificativa de que a medida deve ser aprovada pelos congressistas para possibilitar que potássio seja retirado desses territórios e aplicados na produção de fertilizantes, sob risco de escassez por conta das sanções internacionais impostas à Rússia, que invadiu o território ucraniano e lançou uma guerra contra o governo de Kiev.

Ato pela Terra, liderado por Caetano

O cantor e compositor Caetano Veloso, em conjunto com outros artistas, intelectuais e movimentos sociais, organizou nesta quarta-feira (9) o Ato pela Terra, um protesto na frente do Congresso Nacional para reivindicar a paralisação da pauta de destruição do meio ambiente levada a cabo pelo governo de Jair Bolsonaro e por suas bancadas na Câmara e no Senado.

“O país vive hoje sua maior encruzilhada ambiental desde a redemocratização. Os projetos de lei ora em pauta podem tornar a situação mais grave: poderão facilitar o desmatamento, permitir a mineração e o garimpo em terras indígenas e desproteger a floresta contra a grilagem e os criminosos”, bradou Caetano, no hall de entrada do Senado Federal, na frente do presidente da casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante uma audiência com a Comissão de Meio Ambiente.

Milhares de pessoas compareceram ao Ato pela Terra, em Brasília, protestando contra a flexibilização dos dispositivos legais que minimamente protegem os recursos naturais brasileiros. Entre as personalidades que participaram do encontro estavam Lázaro Ramos, Christiane Torloni, Daniela Mercury e Bela Gil.