INVESTIGAÇÃO

Senadora ganha R$ 2,9 milhões em emenda três dias antes de retirar apoio à CPI do MEC

Além de Rose de Freitas, Weverton Rocha desistiu da comissão; ele apareceu em revistas ligadas a pastores investigados por atuarem como lobistas

Rose de Freitas alegou fraude.Créditos: Antonio Cruz/Agência Brasil
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A senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que alegou que fraudaram sua assinatura de apoio à CPI do MEC, teve uma emenda parlamentar milionária aprovada três dias antes de retirar seu apoio ao requerimento de abertura da comissão. O objetivo do colegiado seria investigar o escândalo de distribuição de verbas no Ministério da Educação.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) rebateu as acusações de Rose e apresentou documentos que mostram que ela ou alguém da sua equipe solicitou a inclusão de seu nome na lista de assinaturas e que, em seguida, protocolou novo documento pedindo revogação do anterior.

No dia 1 de abril, Rose recebeu a promessa de ganhar R$ 2,9 milhões de verba pública federal, a terceira maior emenda parlamentar individual de 2022, conforme indicou o Portal da Transparência.

O valor foi empenhado, porém, ainda não foi pago pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). A emenda foi aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de acordo com reportagem de Paulo Motoryn, no Brasil de Fato.

A assessoria de comunicação de Rose de Freitas negou que o fato de ter sido contemplada com a emenda tenha relação com a alegação de fraude no requerimento da CPI do MEC.

Não tem relação nenhuma, absolutamente nenhuma. A senadora sempre teve emendas empenhadas no Ministério da Educação e em vários ministérios. Se você puxar o histórico, vai ver quantas emendas dela já foram empenhadas ao longo do tempo, não só nesse governo, mas em outros”, disse a assessoria.

Senador que desistiu de apoiar CPI aparece em revistas ligadas a pastores investigados

Weverton Rocha aparece em revista ligada a pastores investigados - Reprodução

Outro senador que retirou assinatura do requerimento de abertura da CPI, Weverton Rocha (PDT-MA), apareceu nas páginas de revistas de escola bíblica dominical distribuídas em igrejas do Maranhão ligadas a pastores investigados por atuarem como lobistas no Ministério da Educação, na gestão do então titular da pasta, Milton Ribeiro.

Rocha é um dos três senadores que retiraram assinatura no requerimento que pedia abertura CPI do MEC. “Não foi iniciativa minha. Foi solicitado um release da minha assessoria, que foi enviado. Mas não sabia quer era para a cartilha. Até agradeço o carinho, mas não foi iniciativa minha e não houve recursos meus nesses cadernos”, disse, de acordo com Eduardo Gonçalves, em O Globo.

O senador, em nota, disse que seu bom relacionamento com o segmento evangélico influiu na sua decisão de não apoiar a CPI. “Tenho ótimas relações com a comunidade evangélica, inclusive meus pais são evangélicos. Entendo que qualquer denúncia de corrupção deve ser apurada, mas acredito que em uma CPI neste momento é tênue a linha entre apuração e criminalização de toda uma comunidade”, afirmou.

As revistas que mencionam o senador foram distribuídas durante um encontro da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CONIMADB), no início de março, em São Luís, Maranhão.

O evento, cuja motivação era o lançamento da Bíblia “Cura Divina”, foi organizado pelos pastores Gilmar Santos, presidente da entidade e dono da editora responsável pelo material, e Arilton Moura, coordenador do núcleo político. Ambos são acusados de serem pivôs do escândalo de divisão e verbas do MEC.