Além de amargar 2% nas intenções de votos, a pré-candidatura de João Doria pelo PSDB parece estar por um fio. Na tarde desta sexta-feira (15), o ex-governador de São Paulo, por meio de uma nota, revelou que afastou o presidente do PSDB da coordenação geral de sua campanha. Como justificativa, Doria afirmou que Bruno Araújo tem "postura pouco agregadora".
"Araújo, que é presidente nacional do PSDB, havia sido convidado por Doria para a função. Mas em recentes manifestações durante entrevistas e encontros empresariais, relativizou a candidatura de Doria - que venceu democraticamente as prévias do partido em novembro. Essa postura, considerada pouco agregadora, motivou a decisão", declarou a assessoria de Doria por meio de uma nota.
Te podría interesar
Marco Vinholi foi anunciado como o novo coordenador geral da campanha de Doria e comemorou pelas redes sociais.
A decisão de João Doria teve resposta de Bruno Araújo, o presidente do PSDB, que ironizou o seu afastamento da campanha. "Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer. Aliás, ele sabe as circunstâncias em que e o porquê 'aceitei' à época. Aliás, objetivo cumprido", escreveu Araújo em seu Twitter.
"Doria não pode ser candidato de si mesmo"
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, rifou a candidatura de João Doria durante encontro com empresários. Aos presentes, Araújo declarou que o conjunto dos partidos - MDB, União Brasil e - é que decidiriam o nome a representar as siglas na disputa à presidência.
"O PSDB agora está em um consórcio maior para uma terceira via. Não vejo o apoio do PSDB para seguir com uma candidatura que não seja dentro desse pacto. A candidatura de Doria recebe toda energia, todo o apoio do PSDB, se ela tiver acolhida dentro desse conjunto político da aliança nacional com todos os partidos. Fora isso, acho que vai ter um grau de desgaste intenso dentro do partido", disse Araújo.
Bruno Araújo também afirmou que o PSDB irá homologar o nome que tiver apoio das quatro legendas (MDB, Cidadania, União Brasil e o PSDB). "Pode ser o Leite, o Doria, a Simone [Tebet, do MDB], o Luciano Bivar [União Brasil]. Se você perguntar aqui se pode dar um acordo e trazer o [ex-presidente Michel] Temer novamente como candidato, pode.”
Além disso, o presidente do PSDB disse que não vai impor para que o nome do presidenciável da coligação seja tucano. "Irei operar para que tenhamos um candidato. Se for do PSDB, estarei duas vezes atendido. Há um senso público de oferecer alternativa à sociedade brasileira.”
Quando o governador João Doria ameaçou não renunciar ao governo do estado de São Paulo e abandonar a sua pré-candidatura, o presidente do PSDB soltou uma carta reafirmando o nome de Doria como o candidato escolhido pelas prévias tucanas para disputar a presidência da República, mas parece que a promessa da carta venceu.
"Na política primeiro a gente escolhe o candidato e, depois, os critérios. Quando fizemos um pacto de convenção, os problemas ficaram para trás. Nem João Doria pode ser candidato de si mesmo, nem outro partido pode não se conformar de a gente ter feito outro tipo de escolha dentro de um consenso. Se no dia 16 de maio não houver anúncio de que não houve entendimento, você terá opção de Lula, Bolsonaro ou [voto em] branco.”
A decisão do nome que vai representar a coligação que deve ser formada entre MDB, União Brasil, Cidadania e PSDB será revelada em maio. O União lançou nesta quinta-feira (14) o nome de Luciano Bivar (SP) e o MDB apresentou, no final do ano passado, a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata.
Dentro do PSDB, uma ala liderada pelo deputado federal Aécio Neves (MG) articula para que o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite – que perdeu as prévias tucanas para João Doria -, seja o nome do partido a ser indicado para disputar a presidência da República.