ELEIÇÕES 2022

Orçamento secreto: revelação de beneficiados pode implodir base bolsonarista

"Com a lista completa, muitos se sentirão menosprezados, o que pode criar problemas na base", diz Merval Pereira sobre decisão de Pacheco de revelar nomes e valores dos 420 agraciados

Jair Bolsonaro com ministros em ato no Planalto.Créditos: Clauber Cleber Caetano/PR
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A decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista com os nomes dos beneficiados pelo chamado Orçamento Secreto pode implodir a base de apoio de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso.

Pacheco deve enviar à corte nas próximas semanas os nomes de 360 deputados e 60 senadores que participaram do esquema criado por Bolsonaro e Arthur Lira (PP-AL) para comprar apoio do Centrão por meio de emendas aos parlamentares que se alinharam ao governo.

Em comentário na rádio CBN, Merval Pereira, porta-voz político da família Marinho, da Rede Globo, afirmou que a divulgação dos nomes e valores recebidos pode causar ciúmes entre deputados que teriam sido menos agraciados que outros.

"Os mais próximos do presidente da Câmara receberam mais do que outros. Com a lista completa, muitos se sentirão menosprezados, o que pode criar problemas na base, ou talvez até ajude a regularizar a distribuição de verbas secretas que não segue nenhum parâmetro republicano, nenhum critério que possa ser considerado válido", afirmou.

Para ele, com a divulgação da lista "teremos ideia exata da influência dele nas campanhas eleitorais e no resultado final das eleições".

O chamado Orçamento Secreto tem turbinado verbas em redutos eleitorais tanto de parlamentares, quanto de ministros que estão se lançando candidatos nas eleições de outubro.

A divulgação dos dados pode fazer com que haja ainda um pente fino no uso do recurso. Ao melhor estilo "follow the money" - siga o dinheiro - será impossível identificar onde foi parar cada emenda e desnudar esquemas de corrupção nos nichos eleitorais para financiar campanhas.

"Muitos dados já estão sendo revelados, como o envio de verbas do presidente da Câmara, Arthur Lira, para regiões onde atua politicamente. Seus aliados receberam muito dinheiro. E já está demonstrado que esse orçamento é um ativo político; que os manda chuvas do Congresso o utilizam de maneira política, para fortalecer seus aliados", diz Merval.