NOVO GOLPE

Sob a mira dos militares, Centrão é acuado diante de ataques de Bolsonaro ao Judiciário

Bolsonaro tem ignorado apelos do Centrão, que teme a repercussão da crise na campanha. Com militares, no entanto, presidente teria aval para a tese de fraude eleitoral em possível derrota nas urnas.

Bolsonaro em ato do Dia do Exército.Créditos: Isac Nóbrega/PR
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Sob a mira dos militares, que iniciaram novo levante para tomar cargos no governo ao avalizar os ataques de Jair Bolsonaro (PL) ao judiciário, políticos do Centrão estão acuados diante da tentantiva de frear o novo arroubo autoritário do presidente, que autorizou nota contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e Edson Fachin, ex e atual presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No Congresso, a iniciativa de Arthur Lira (PP-AL), de entrar com recurso no STF para que a cassação de Daniel Silveira (PTB-RJ) passe pela Câmara contra com apoio de Carla Zambelli (PL-SP), que apresentou projeto para ampliar "anistia" a quem, entre 1º de janeiro de 2019 e 21 de abril de 2022, tiver "praticado atos que sejam investigados ou processados sob a forma de crimes de natureza política" ou relacionados.

Com a medida, além de Silveira, seriam "anistiados" o blogueiro Allan dos Santos, foragido nos EUA, e o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que segue preso.

O projeto não deve ir adiante diante das expectativas de deputados do Centrão, que ainda se encontram inertes temendo que o caso repercuta negativamente nas eleições.

No Planalto, Bolsonaro teria proibido a ala política, capitaneada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira - presidente nacional do PP -, de fazer qualquer sinalização de trégua ao STF.

Diferentemente do que ocorreu em outras crises - como no 7 de Setembro quando até Michel Temer (MDB) foi chamado -, Bolsonaro aposta no apoio dos militares para aumentar a tensão com o judiciário.

A equação teria um resultado simples: no caso de derrota nas urnas, Bolsonaro teria as Forças Armadas como força auxiliar para sustentar sua tese de fraude nas urnas eletrônicas e convocar um golpe ao se negar deixar a cadeira presidencial.