JORNAL NACIONAL

Lula: Jornal Nacional quebra o silêncio e noticia decisão da ONU

A decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU reconheceu que Lula não teve direito a um julgamento justo conduzido por Sergio Moro; o JN havia ficado em silêncio na quarta-feira, quando a notícia foi divulgada até mesmo no Jornal O Globo

William Bonner, âncora do Jornal Nacional.Créditos: Reprodução/GloboPlay
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Jornal Nacional, da TV Globo, noticiou nesta quinta-feira (28) à decisão do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) que condenou o Brasil e reconheceu a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro nos processos conduzidos contra o ex-presidente Lula (PT) diante da Operação Lava Jato. Na quarta-feira, quando a notícia já havia sido divulgada pela imprensa, incluindo pelo jornal O Globo, o telejornal manteve o silêncio sobre o tema.

"O Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas concluiu que o ex-presidente Lula não teve a garantia de um julgamento imparcial pelo ex-juiz Sergio Moro e que os direitos políticos de Lula foram violados na Operação Lava Jato", disse William Bonner, âncora do JN, na abertura da reportagem. Após o silêncio, o telejornal garantiu espaço para a notícia até mesmo na abertura desta edição.

A matéria destacou trechos da nota divulgada pelo Comitê que aponta que: a investigação e o processo penal contra o ex-presidente Lula da Silva violaram seu direito a ser julgado por um tribunal imparcial, seu direito à privacidade e seus direitos políticos.

"Durante as investigações, o ex-juiz Moro aprovou um pedido de procuradores para interceptar os telefones de Lula, de seus familiares e advogados. Ele também divulgou o conteúdo das gravações antes de instaurar formalmente as acusações. O juiz também emitiu um mandado de condução coercitiva para levar Lula a prestar depoimento. O mandado foi vazado à imprensa e, na sequência, fotografias de Lula foram tiradas pela mídia como se ele estivesse preso", disse.

O telejornal destacou que a decisão aponta que houve violação no vazamento de conversas telefônicas de Lula com familiares, advogados e com a ex-presidenta Dilma Rousseff. A gravação ilegal e o vazamento da conversa entre Lula e Dilma foi explorada pela grande mídia e ganhou amplo espaço no Jornal Nacional.

"O Comitê também considerou que tais violações processuais tornaram arbitrária a proibição a Lula de concorrer à presidência e, portanto, em violação de seus direitos políticos, incluindo seu direito de apresentar candidatura a eleições para cargos públicos. O órgão instou o Brasil a assegurar que quaisquer outros procedimentos criminais contra Lula cumpram com as garantias do devido processo legal, e a prevenir violações semelhantes no futuro", disse ainda o CDH.

O silêncio inicial do Jornal Nacional diante da decisão reforçava a cumplicidade do telejornal com os abusos da Operação Lava Jato. Para especialistas, o papel dos grandes meios de comunicação é fundamental na execução de práticas de lawfare - perseguição jurídico-política que foge às regras constitucionais. O áudio da conversa de Lula e Dilma, altamente explorado na imprensa, é um exemplo.