ENTREGADORES DE APLICATIVOS

iFood infiltrou agentes e campanhas publicitárias para desmobilizar entregadores

Site diz que perfis falsos em redes sociais se passavam por entregadores para desmobilizar paralisação; caso Lula vença eleição, reforma trabalhista vai incluir esses trabalhadores

Entregadores do ifood.Créditos: Redes Sociais
Escrito en POLÍTICA el

De acordo com documentos, fotos e relatos obtidos pela Agência Pública a empresa iFood infiltrou agentes para tentar desmobilizar as manifestações de entregadores de aplicativos.

Durante as manifestações de abril de 2021, agentes portavam adesivos e faixa que pediam “vacinação já” no estádio do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, que vieram acompanhados pela disseminação de posts e comentários de usuários falsos, que teriam sido criados por agências de publicidade a serviço do iFood no Twitter e Facebook. As agências contratadas teriam criado duas páginas que deram suporte à narrativa: a fanpage de conteúdo político Não Breca Meu Trampo e a página de memes Garfo na Caveira

Segundo os relatos, o objetivo da publicidade não assinada era disseminar ideias e opiniões em um formato que imitasse a forma dos entregadores de se comunicarem, simulando que as postagens e narrativas vinham de verdadeiros entregadores.

O documento, que seria usado como guia pelas agências de publicidade, explica a tática: “Usamos Páginas de Facebook, Perfis do Instagram, Perfis de Twitter, Perfis de Facebook, criados por nós para gerar esses rumores. Como? Comentamos em publicações que falam do assunto, vamos em perfis que abordam o assunto e comentamos de forma indireta […], mas NUNCA assinado como iFood para que ninguém desconfie”.

A Pública acessou mais de 30 documentos das campanhas — entre relatórios de entrega, cronograma de postagens, vídeos, atas de reuniões e trocas de mensagens —, além de conversar com pessoas que trabalharam nas agências e acompanharam a campanha desenvolvida para o iFood durante pelo menos 12 meses. As pessoas entrevistadas foram mantidas em anonimato.

Reforma trabalhista do PT

Trabalhadores por aplicativo foram incluídos na pauta da revisão da reforma trabalhista do PT, em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais.

A inclusão previdenciária da categoria, com a contribuição das plataformas, é vista como primeiro passo. Lideranças do partido têm intensificado conversas com representantes das empresas e dos trabalhadores para colher sugestões e elaborar propostas.

Os trabalhadores por app são habitualmente descritos por petistas como a maior categoria profissional do Brasil, com 1,4 milhão de membros

O principal exemplo estudado pelo PT é o da Espanha, que em 2021 aprovou lei para que trabalhadores por app passassem a ser reconhecidos como funcionários assalariados.

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