REPUGNANTE

Eduardo Bolsonaro agora quer vídeos de tortura sofrida por Miriam Leitão

“Ela só tem a palavra dela. Eu fico com a pulga atrás da orelha, porque você não tem um vídeo, não tem prova documental”, afirmou o filho do presidente

Eduardo Bolsonaro é alvo do Conselho de Ética.Créditos: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a atacar a jornalista Miriam Leitão, comentarista de O Globo. Após debochar da tortura sofrida por ela durante a ditadura militar, o que causou revolta no meio político, e de duvidar dos atos aos quais a jornalista foi vítima na época, o filho do presidente continuou a provocação.

Em entrevista ao canal bolsonarista do YouTube Expressão Brasil, nesta terça-feira (5), Eduardo voltou a duvidar da tortura e fez uma afirmação bizarra.

“A Miriam Leitão certamente não se sentiu ofendida, ela só tem a palavra dela, dizendo que foi vítima de uma tortura psicológica quando foi jogada dentro de uma cela junto com uma cobra. Eu já fico com a pulga atrás da orelha, porque você não tem um vídeo, não tem outras testemunhas, não tem uma prova documental, não tem absolutamente nada”, disse o deputado.  

Não satisfeito em debochar da tortura sofrida por Miriam, o filho do presidente, na segunda (4), já havia usado as redes sociais para posar de vítima e ainda colocar em dúvida a violência brutal praticada pelo aparelho repressor contra a jornalista. 

"Me odeiam, desejam a morte de minha família e agora pedem respeito e querem minha cassação por eu ter feito uma piada", escreveu, na postagem em que divulga um vídeo com novos impropérios e defesa da ditadura.

Filho do presidente ainda se comporta como vítima

"Estão preocupados em colocar em mim a pecha de torturador, quando é justamente o contrário", disse o filho de Jair Bolsonaro, um dia após ironizar a tortura. Ao criticar um artigo de Miriam Leitão, Eduardo havia postado: "Ainda com pena da cobra". 

"Sobre a questão da cobra, tem apenas a palavra da Miriam Leitão dizendo que isso ocorreu", disparou, já duvidando da situação sádica e violenta a que a jornalista foi submetida.

A violência brutal sofrida por Miriam Leitão está documentada em relatórios da Comissão Nacional da Verdade e é de conhecimento público. Grávida, a jornalista foi colocada nua em um quarto escuro junto com uma cobra jiboia em um quartel do Exército de Vila Velha (ES). 

Reações indignadas

A nova investida de Eduardo Bolsonaro veio como uma tentativa de contornar a intensa reação negativa à sua "piada". Inúmeros jornalistas, artistas e políticos prestaram solidariedade a Miriam Leitão, entre eles o ex-presidente Lula (PT). 

Na Câmara dos Deputados, já foram protocoladas várias representações no Conselho de Ética da Casa para que o parlamentar seja investigado por quebra de decoro parlamentar, pedindo sua cassação.