AUTORITARISMO CRESCENTE

Armamento: “Armar civis é um reforço para as Forças Armadas”, diz Bolsonaro

Pregando o caos e a violência em discurso mais golpista até agora, presidente parece dar sinal de querer institucionalizar suas milícias, que vêm comprando cada vez mais revólveres, pistolas e até fuzis

Bolsonaro discursa na Expoingá, em Maringá.Créditos: YouTube/Reprodução
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A presença de Jair Bolsonaro na feira agrícola Expoingá, em Maringá (PR), nesta quarta-feira (11), não foi apenas o seu ato mais violento de campanha (ilegal, fora do período eleitoral) por conta das novas investidas contra o sistema de votação do país, mas também porque o líder de extrema direita fez sinalizações golpistas e autoritárias claras e inequívocas para sua plateia de radicais. Nesse sentido, uma frase dita sobre o armamento da população civil soou como uma possibilidade de institucionalização de suas milícias de admirados, que cada dia compram arsenais maiores após a flexibilização das normas para posse e porte de armas de fogo promovida por ele.

“O Brasil tem uma área que é cobiçada por muitos países que é a região Amazônica. E para vocês, família brasileira, a arma de fogo é uma defesa da mesma e é um reforço para as nossa Forças Armadas porque o povo de bem armado jamais será escravizado”, disse Bolsonaro, numa colocação que permite um entendimento sem rodeios sobre sua intenção de “incorporar” e institucionalizar suas falanges paramilitares às fileiras do Estado, mesmo que de maneira improvisada, o que remete a uma prática já adotada em outros momentos da História por figuras sinistras, como Benito Mussolini, na Itália fascista, Adolf Hitler, na Alemanha nazista, e Francisco Franco, na Espanha, antes de vencer a Guerra Civil Espanhola contra os republicanos, em 1939, que serviu de marco inicial para sua longeva ditadura.

Número de armas cresce

O número de armas registradas por civis na Polícia Federal dobrou nos últimos três anos. É o que mostra o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado publicado em 2021. A estatística, dizem especialistas, é um resultado direto das políticas do governo federal que incentivam a aquisição de armas pela população.

Os dados, que são compilados, analisados e publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelaram ainda um crescimento 43% em apenas um ano nos pedidos de registro dos chamados CACs (caçadores, atiradores desportivos e colecionadores), que eram 200 mil em 2019, chegando a 287 mil em 2020.

Em 11 estados o crescimento no registro de armas de fogo por civis ficou acima da média nacional. O Distrito Federal ocupou a primeira posição disparado, com um aumento de 562% no último triênio. Lá, os cidadãos tinham 35.693 armas em 2017, número que chegou a 236.296 em julho de 2021.

Além do número de civis armados, aumentou também o tamanho do arsenal guardado dentro das casas dos brasileiros, já que mudanças na legislação propostas pela gestão de Jair Bolsonaro alteraram a quantidade de armas que cada cidadão pode comprar.