ELEIÇÕES 2022

General Portella ecoou no TSE ideia de Bolsonaro sobre auditoria nas eleições

Representante das Forças Armadas na Comissão Eleitoral, Portella assinou acordo com imprensa de Cybersegurança israelense representada por bolsonaristas no Brasil

Jair Bolsonaro em ato com cúpula militar e o general Héber Portella, no destaque.Créditos: Presidência da República / Exército
Escrito en POLÍTICA el

Representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral, o general Heber Portella levou para uma das reuniões do grupo, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ideia de Jair Bolsonaro (PL) de contratação de uma empresa de auditoria para monitorar os votos durante as eleições de outubro.

Segundo reportagem de Malu Gaspar, no jornal O Globo, Heber Portella "endureceu" o jogo com o TSE depois da "graça constitucional" de Bolsonaro a Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Após romper o silêncio que mantinha desde as primeiras reuniões, Portella começou a pressionar a corte eleitoral e ecoou a tese do presidente, mesmo após exposição do secretário de Tecnologia da Informação, Julio Valente, que afirmou que as possibilidades de auditoria são “muitas e complementares” e que a totalização dos votos pode ser repetida “por qualquer entidade que assim o deseje”.

Em ata da reunião obtida pel'O Globo, Portella pediu informações “sobre a possibilidade de que seja feita uma auditoria específica, caso haja um resultado diferente nos testes de integridade” e “qual seria a melhor forma de realizar as auditorias existentes, considerando o processo como um todo”. 

Auditoria para Lula

Em live no dia 5 de maio, Bolsonaro voltou a usar as Forças Armadas para sinalizar que não vai aceitar o resultado das eleições deste ano caso saia derrotado do pleito e ainda anunciou a contratação de uma empresa de auditoria para monitorar os votos.

"As Forças Armadas não vão fazer o papel apenas de chancelar o processo eleitoral, participar apenas como espectador do mesmo", disparou.

Ao citar a contratação de uma empresa de auditoria, Bolsonaro ainda provocou o ex-presidente Lula (PT), dizendo que o objetivo é "garantir" a eleição do petista, que lidera as pesquisas de intenções de voto. 

"Eu estive com o presidente do PL, há poucos dias. Como está na legislação eleitoral, nós contrataremos uma empresa para fazer auditoria nas eleições. Agora, deixo claro, adianto para o TSE, essa auditoria não será feita após as eleições, uma vez ela contratada, a empresa começa a trabalhar", afirmou, antes de chegar à provocação ao ex-presidente. 

"As eleições têm que ser realizadas sem qualquer sombra de dúvidas. É o momento do TSE mostrar, através dessa empresa de auditoria, que temos o sistema mais confiante do mundo no tocante às eleições (...) Já que a pesquisa diz que o senhor Lula tem 40%, o Lula vai ganhar. Então, quero garantir a eleição do Lula com esse processo", concluiu Bolsonaro. 

General assinou acordo de cooperação com arapongas de Israel

Comandante de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (ComDCiber), o general Héber Garcia Portella foi responsável pela assinatura de um acordo de cooperação com a empresa de cybersegurança israelense CySource, em março deste ano, conforme revelou reportagem de Paulo Motoryn no Brasil de Fato.

A firma israelense contratada pelo setor de Portella no Exército tem como um de seus executivos o analista de sistemas Hélio Cabral Sant'ana, ex-diretor de Tecnologia da Informação da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL).

No mesmo mês em que deixou o governo federal, em março deste ano, Sant'ana atuou como um dos representantes da CySource na celebração do termo cooperação da empresa com o Exército Brasileiro para capacitação de militares em defesa cibernética.

"Vamos capacitar o Exército Brasileiro com um leque completo de treinamentos, adequando todo conteúdo para atender as necessidades que foram sendo identificadas", disse Sant’ana, em comunicado divulgado por ambas as partes após o encontro.

Bolsonaristas na empresa israelense

Hélio Cabral Sant'ana foi primeiro-tenente do Exército, de janeiro de 2009 a março de 2013. Para sair do Executivo e assumir o cargo na CySource, ele teve autorização da Comissão de Ética Pública da Presidência.

Assim como ele, o diretor global de vendas da CySource, Luiz Katzap, foi tenente do Exército de fevereiro de 2008 a agosto de 2016.

A CySource foi fundada por veteranos das forças de defesa militar de Israel.

De acordo com a nota da empresa, entre os conceitos abordados na capacitação estão: análise de malware, fundamentos de rede, respostas a incidentes cibernéticos, red team, perícia forense digital e testes de intrusão a sistemas críticos.