Representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral, o general Heber Portella levou para uma das reuniões do grupo, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ideia de Jair Bolsonaro (PL) de contratação de uma empresa de auditoria para monitorar os votos durante as eleições de outubro.
Segundo reportagem de Malu Gaspar, no jornal O Globo, Heber Portella "endureceu" o jogo com o TSE depois da "graça constitucional" de Bolsonaro a Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Te podría interesar
Após romper o silêncio que mantinha desde as primeiras reuniões, Portella começou a pressionar a corte eleitoral e ecoou a tese do presidente, mesmo após exposição do secretário de Tecnologia da Informação, Julio Valente, que afirmou que as possibilidades de auditoria são “muitas e complementares” e que a totalização dos votos pode ser repetida “por qualquer entidade que assim o deseje”.
Em ata da reunião obtida pel'O Globo, Portella pediu informações “sobre a possibilidade de que seja feita uma auditoria específica, caso haja um resultado diferente nos testes de integridade” e “qual seria a melhor forma de realizar as auditorias existentes, considerando o processo como um todo”.
Te podría interesar
Auditoria para Lula
Em live no dia 5 de maio, Bolsonaro voltou a usar as Forças Armadas para sinalizar que não vai aceitar o resultado das eleições deste ano caso saia derrotado do pleito e ainda anunciou a contratação de uma empresa de auditoria para monitorar os votos.
"As Forças Armadas não vão fazer o papel apenas de chancelar o processo eleitoral, participar apenas como espectador do mesmo", disparou.
Ao citar a contratação de uma empresa de auditoria, Bolsonaro ainda provocou o ex-presidente Lula (PT), dizendo que o objetivo é "garantir" a eleição do petista, que lidera as pesquisas de intenções de voto.
"Eu estive com o presidente do PL, há poucos dias. Como está na legislação eleitoral, nós contrataremos uma empresa para fazer auditoria nas eleições. Agora, deixo claro, adianto para o TSE, essa auditoria não será feita após as eleições, uma vez ela contratada, a empresa começa a trabalhar", afirmou, antes de chegar à provocação ao ex-presidente.
"As eleições têm que ser realizadas sem qualquer sombra de dúvidas. É o momento do TSE mostrar, através dessa empresa de auditoria, que temos o sistema mais confiante do mundo no tocante às eleições (...) Já que a pesquisa diz que o senhor Lula tem 40%, o Lula vai ganhar. Então, quero garantir a eleição do Lula com esse processo", concluiu Bolsonaro.
General assinou acordo de cooperação com arapongas de Israel
Comandante de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (ComDCiber), o general Héber Garcia Portella foi responsável pela assinatura de um acordo de cooperação com a empresa de cybersegurança israelense CySource, em março deste ano, conforme revelou reportagem de Paulo Motoryn no Brasil de Fato.
A firma israelense contratada pelo setor de Portella no Exército tem como um de seus executivos o analista de sistemas Hélio Cabral Sant'ana, ex-diretor de Tecnologia da Informação da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL).
No mesmo mês em que deixou o governo federal, em março deste ano, Sant'ana atuou como um dos representantes da CySource na celebração do termo cooperação da empresa com o Exército Brasileiro para capacitação de militares em defesa cibernética.
"Vamos capacitar o Exército Brasileiro com um leque completo de treinamentos, adequando todo conteúdo para atender as necessidades que foram sendo identificadas", disse Sant’ana, em comunicado divulgado por ambas as partes após o encontro.
Bolsonaristas na empresa israelense
Hélio Cabral Sant'ana foi primeiro-tenente do Exército, de janeiro de 2009 a março de 2013. Para sair do Executivo e assumir o cargo na CySource, ele teve autorização da Comissão de Ética Pública da Presidência.
Assim como ele, o diretor global de vendas da CySource, Luiz Katzap, foi tenente do Exército de fevereiro de 2008 a agosto de 2016.
A CySource foi fundada por veteranos das forças de defesa militar de Israel.
De acordo com a nota da empresa, entre os conceitos abordados na capacitação estão: análise de malware, fundamentos de rede, respostas a incidentes cibernéticos, red team, perícia forense digital e testes de intrusão a sistemas críticos.