RISCO PARA A SOCIEDADE

Quantos ministros do governo Bolsonaro andam armados? Por quê? Deputado busca saber

Alencar Santana Braga (PT-SP) entrou com requerimento cobrando explicações do Ministério da Justiça após Milton Ribeiro quase causar uma tragédia ao tentar descarregar arma em aeroporto

Eleitor vota em Bolsonaro usando arma de fogo.Créditos: Reprodução
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O deputado federal Alencar Santana Braga (PT-SP), líder da Minoria na Câmara, quer desbaratar o "libera geral" de armas no governo Bolsonaro. O petista protocolou recentemente um requerimento de informações endereçado ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, em que questiona o porte de arma de ministros, presidentes de empresas públicas, fundações e autarquias do governo. 

A motivação é o episódio protagonizado pelo ex-ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, no final de abril, que quase acabou em uma tragédia. Ribeiro se embananou ao tentar separar uma arma de fogo do carregador no aeroporto de Brasília e acabou causando um disparo. Os estilhaços atingiram uma funcionária da companhia aérea GOL. 

Dias depois, Alencar acionou a Polícia Federal pedindo a cassação do porte de arma do ex-ministro, alegando que o pastor não tem preparo algum para portar uma arma de fogo. Agora, quer saber quantos membros do governo possuem porte de arma e o porquê, com o objetivo de esclarecer se Jair Bolsonaro está usando sua influência para facilitar a aquisição delas "para quem não deveria ter acesso a isso"

Tanto é que, no requerimento de informações, o deputado destaca que o registro de arma de Milton Ribeiro não é de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), mas para "defesa pessoal", e que o porte foi aprovado duas semanas após ele ter feito a solicitação pela internet, sendo que segundo o próprio governo, o tempo médio para deferir este tipo de solicitação é de 31 a 60 dias

"Como demonstrado, o ex-Ministro da Educação não possui perícia suficiente para portar uma arma de fogo. Quantos membros do governo federal estão na mesma situação e colocando toda a sociedade em risco?", questiona Alencar. 

Cuidado, pastor armado 

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro precisou prestar esclarecimentos, no dia 25 de abril, à Superintendência da Polícia Federal (PF) do Distrito Federal. Uma arma de fogo de sua propriedade disparou, acidentalmente, no aeroporto de Brasília.

Em seu depoimento, o pastor evangélico declarou que o disparo ocorreu no momento em que ele foi separar a arma do carregador, dentro de sua pasta de documentos. Ribeiro afirmou, ainda, ter “medo de expor sua arma de fogo publicamente no balcão” da empresa aérea.

O ex-ministro de Jair Bolsonaro disse, também, que, “como já havia feito o ‘despacho de arma de fogo’ pela internet se dirigiu diretamente ao balcão da companhia aérea Latam; que ao abrir sua pasta de documentos pegou a sua arma para separá-la do carregador, dentro da própria pasta, momento em que ocorreu o disparo acidental”, declarou. 

Ribeiro embarcaria em um voo com partida às 19h50 para São Paulo.

O pastor afirmou, ainda, que, como “havia outros objetos dentro da pasta, o local ficou pequeno para manusear sua arma. O declarante, com medo de expor sua arma de fogo publicamente no balcão, tentou desmuniciá-la dentro da pasta, ocasião em que ocorreu o disparo acidental”, destacou o documento.