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Privatização da Petrobras: Glauber Braga diz que reação de Lira é continuidade do golpe

Deputado disse à Fórum que o projeto de Jair Bolsonaro (PL), levado adiante pelos ministros Paulo Guedes (Economia) e Adolfo Sachsida (Minas e Energia) é "uma ação de rapina".

Glauber Braga.Créditos: Agência Câmara
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Protagonista de um embate com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na noite desta terça-feira (31), o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou em entrevista à Fórum que a tentativa de pautar o projeto de privatização da Petrobras a pouco mais de quatro meses das eleições é um processo de continuidade do golpe, que teve início com o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016.

"O golpe tem que ser analisado como um processo, um filme. [...] A primeira etapa do golpe é o impeachment da Dilma, mas o golpe segue como processo até os dias de hoje", disse.

O parlamentar disse que o projeto de Jair Bolsonaro (PL), levado adiante pelos ministros Paulo Guedes (Economia) e Adolfo Sachsida (Minas e Energia) é "uma ação de rapina".

"É fazer com que o patrimônio brasileiro seja entregue antes do processo eleitoral para garantir que independentemente do resultado das eleições, eles tenham arrasado a casa", afirmou.

Braga disse ainda que mais importante que se defender no Conselho de Ética, onde Lira prometeu levar seu nome durante a discussão, "é deter essa tentativa criminosa de privatização da Petrobras".

Leia a entrevista abaixo e veja o vídeo do discurso de Glauber Braga que provocou a discussão aqui.

Fórum: A privatização da Petrobras motivou a reação enérgica de Lira ao seu discurso no Plenário. É o golpe de 2016 que continua no governo Bolsonaro e na Câmara?

Glauber Braga: O golpe tem que ser analisado como um processo, um filme. É a aplicação da agenda ultraliberal de desmonte, de entregar todo patrimônio, todas as empresas brasileiras ao poder de grandes corporações internacionais. É uma não conciliação pela direita. A primeira etapa do golpe é o impeachment da Dilma, mas o golpe segue como processo até os dias de hoje.

Fórum: Como você vê essa tentativa de Paulo Guedes, Adolfo Sachsida e Bolsonaro de acelerar a privatização da Petrobras? É uma ação eleitoral?

Glauber Braga: É uma ação de rapina. Na verificação que eles podem não vencer eleitoralmente, eles querem entregar tudo o que puderem para lucrar com isso no mais curto espaço de tempo. Se tem uma grande corporação de petróleo, de combustível, que está interessada na compra da Petrobras, tem uma minoria da minoria de abastados no Brasil que lucra com esse processo de entrega de maneira completamente predatória. É isso que eles estão tentando tocar. É fazer com que o patrimônio brasileiro seja entregue antes do processo eleitoral para garantir que independentemente do resultado das eleições, eles tenham arrasado a casa.

Fórum: Como vê a reação de Lira ao seu discurso? Acredita que ele levará adiante a privatização da Petrobras?

Glauber Braga: Se não tiver mobilização social, popular, forte contra essa medida do Lira, ele está com as articulações a todo vapor para entregar o controle acionário da adminitração do comando da Petrobras através de um projeto de maioria simples. Por isso é tão importante a reação não só no Plenário, mas nas ruas para reverter essa articulação que ele tá tocando a toque de caixa.

Fórum: Como vê a ameaça de levá-lo ao Conselho de Ética?

Glauber Braga: Lira não é o primeiro a me processar. Eduardo Cunha tentou me levar ao STF, os aliados de Moro me levaram ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. O mandato tem que servir para fazer o enfrentamento a essa turma que está cometendo um crime de lesa-pátria. Lira não me intimida com isso. Vamos em frente. O importante agora é deter essa tentativa criminosa de privatização da Petrobras.