FAKE NEWS E DISCURSO DE ÓDIO

Manuela D'Ávila diz que já pensou no exílio, mas decidiu “ficar e enfrentar de cabeça”

A ex-deputada federal também afirma as feministas são atacadas e ameaçadas de morte porque são mulheres que questionam o que os homens fazem

Manuela D'Ávila diz que já pensou no exílio, mas decidiu “ficar e enfrentar de cabeça”.
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A ex-deputada Manuela D'Ávila revelou que a sua decisão em não concorrer a cargo no legislativo na eleição deste ano se deu por dois motivos: falta de união da esquerda e as ameaças constantes que ela e sua família recebem. "A primeira razão para a minha decisão de não concorrer é a de que não conseguimos construir no estado uma unidade razoável no campo progressista, com três forças disputando: Edgar Pretto (PT), Beto Albuquerque (PSB) e Pedro Ruas (PSOL)”. 

"O conjunto de das ameaças que eu e minha família sofremos há pelo menos sete anos impacta as minhas escolhas no dia a dia, desde ir ao supermercado até minha exposição política [...] a unidade é importante para garantir competitividade e a derrota dessas forças que tornam minha vida inviável pessoal e politicamente. Além disso, diante da violência, a unidade é capaz de proteger a vítima. Disputar sem essa coesão nos torna mais vulneráveis", revela Manuela em entrevista à Folha de S. Paulo. 

Manuela também revela que ela e sua família já pensaram no exílio, mas que decidiu ficar e lutar no campo da esquerda. "Por trás dessas ofensas permanentes, que independem de eu estar concorrendo ou não, estão organizações que produzem e distribuem mentiras, que articulam milícias virtuais e que incentivam os ataques presenciais e físico. Mas eu decidi ficar. Vou fazer campanha igual [pela esquerda], contra eles e denunciando o que fazem contra mim. Isso demonstra muito de quem eles são, e não de mim. Mas não deixa de revelar também um pouco de quem eu sou, por aguentar e enfrentar de cabeça". 

Em outro momento, a militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) afirma que hoje a direita atua para eliminar a existência de feministas. "A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado tem uma formulação de que é impossível dissociar o bolsonarismo e a extrema direita da masculinidade violenta. Não é casual que os ataques que sofro usem a minha imagem, a da minha filha, mencionem meu corpo, não é casual que eles profanem permanentemente a memória da Marielle Franco [...] nós não somos atacadas só por sermos mulheres, mas por sermos mulheres que questionam o que eles fazem". 

Manuela D’Ávila vai participar da mesa de abertura do 7º Salão do Livro Político, nesta segunda-feira (20), no Tucarena (PUC-SP), às 19h, aonde irá, ao lado de Dilma Rousseff e Guilherme Boulos, discutir a democracia na América latina.


Com informações da Folha de S. Paulo.