MAIS ARMAS

Policiais civis também querem pistolas distribuídas por Cláudio Castro a PMs aposentados

Caso a demanda do sindicato dos policiais civis seja atendida, o governo do Rio pode distribuir até 20 mil armas para agentes de segurança aposentados

Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro.Créditos: Carlos Magno
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A exatos quatro meses das eleições de outubro de 2022, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), decidiu publicar uma resolução que permitirá que todos os policiais militares da reserva no Estado retiram uma pistola, três carregadores e pelo menos 50 munições no batalhão da PM mais próximo de suas casas - o contingente é de mais de 10 mil PMs aposentados. A medida, criticada por especialistas, pode causar um impacto ainda maior, afinal policiais civis aposentados agora cobram o mesmo tratamento.

O Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro (Sindpol-RJ) vai apresentar uma petição ao governo estadual pedindo que os agentes aposentados da corporação também sejam beneficiados com a resolução de Castro. Caso o pleito seja atendido, o número de armas distribuídas pode dobrar, já que a Civil possui também um contingente reserva de 10 mil pessoas. Dessa maneira, pode chegar a 20 mil pistolas e 60 mil carregadores fornecidos para agentes de segurança aposentados.

"Nosso jurídico vai entrar com uma petição pedindo ao governador e ao secretário de Polícia Civil a extensão do mesmo benefício concedido aos PMs da reserva. Ou seja, que policiais civis que tenham a mesma condição de aposentados também recebam armas acauteladas e munição. O policial quando se aposenta não apaga a história dele. Os perigos inerentes de ser policial continuam presentes", disse o vice-presidente do Sindpol, Luiz Cláudio Cunha, ao jornal O Globo.

Especialistas apontam que a distribuição massiva de armas para policiais da reserva pode agravar o desvio de armamentos e fortalecer grupos criminosos, como milícia e tráfico.

"Quanto mais armas você distribuir, maior será o problema de controle. Muitas vezes esse controle é deficiente, como demonstram todos esses desvios de armas das reservas das corporações, da PM especificamente. Então, no meu entendimento, esse me parece, com todo o respeito ao secretário, um tiro no pé. Você já tem uma preocupação imensa com quase 50 mil homens da ativa. Armar mais 10 mil da reserva vai trazer uma preocupação ainda maior", disse Robson Rodrigues, coronel PM da reserva, antropólogo e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, em entrevista ao Yahoo.

A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL-RJ), presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, também criticou a decisão do governador. "Não bastasse vivermos num estado extremamente violento, o governo do RJ vai dar armas para PMs da reserva que poderão utilizá-las para fins particulares. Isso mesmo, dinheiro público para financiar uma segurança pública que só se preocupa em matar pessoas", disse nas redes sociais.