CORRUPÇÃO NO MEC

Em conversa, Ribeiro sinaliza que Bolsonaro sabia de busca e apreensão; caso vai ao STF

MPF cita "possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações". Em conversa com a filha, ex-ministro diz que "ele acha que vão fazer uma busca e apreensão"

Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro.Créditos: MEC
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Uma "possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações" sobre o esquema de corrupção envolvendo propina em ouro no Ministério da Educação fez com que o Ministério Público Federal (MPF) solicitasse que o caso seja enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Por ser presidente, Bolsonaro tem foro privilegiado e só pode ser investigado com aval da suprema corte.

A suspeita de interferência se dá em diversas conversas do ex-ministro, Milton Ribeiro, que chegou a ser preso na última quarta-feira (22).

Em um dos diálogos, com a filha, Ribeiro fala de uma conversa telefônica com Bolsonaro e diz que o presidente acreditava em uma eventual ação de busca e apreensão.

"Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios né...", diz o pastor e ex-ministro.

Em uma outra conversa, com uma pessoa identificada como Waldomiro, Ribeiro lista as investigações que o envolvem, como o flagrante quando tentava embarcar armado em um vôo doméstico e o esquema de superfaturamento de ônibus escolares com recursos do orçamento secreto.

"Tudo caminhando, tudo caminhando. Agora... tem que aguardar né.... alguns assuntos tão sendo resolvidos pela misericórdia divina né...negócio da arma, resolveu... aquele... aquela mentira que eles falavam...que os ônibus estavam superfaturados no FNDE... pra... (ininteligível) também... agora vai faltar o assunto dos pastores, né? Mas eu acho assim, que o assunto dos pastores... é uma coisa que eu tenho receio um pouco é de... o processo... fazer aquele negócio de busca e apreensão, entendeu?", indaga, voltando a citar a ação da polícia.

Com uma pessoa identificada como Adolfo, Ribeiro cita o "assunto do envolvimento dos pastores", em relação ao gabinete paralelo que negociava propina para liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

"Mas algumas coisas já foram resolvidas né... acusação de que houve superfaturamento... isso já foi... agora, ainda resta o assunto do envolvimento dos pastores, mas eu creio que, no devido tempo, vão ser esclarecidos", diz Ribeiro.