ELEIÇÕES 2022

Emir Sader adverte, depois do assassinato: “Candidatos do PT serão alvos privilegiados dessa guerra”

Para cientista político, a reação do bolsonarismo será cada dia mais violenta e Lula e Marcelo Freixo são os que mais correm risco

Emir Sader. Lula e Freixo.Créditos: Guilherme Santos/PT - Ricardo Stuckert
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O cientista político Emir Sader advertiu, em entrevista à Fórum neste domingo, que o assassinato do líder petista Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu “escancara que a direita toma a política como guerra”. Para ele, “os candidatos do PT serão alvos privilegiados dessa guerra”. Lula e Marcelo Freixo são, segundo ele, os que mais correm risco, pois o bolsonarismo “não suporta a ideia de perder seus dois postos mais avançados: os governos do Brasil e do Rio de Janeiro”.

Para Sader, Marcelo Arruda “morreu como um herói, porque impediu que ocorresse uma chacina, que era o objetivo do assassino”. 

Nesta semana, segundo o cientista político, o PT e as forças democráticas devem exigir do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) medidas para conter a violência política bolsonarista, sob o risco de o país assistir uma derrocada completa do ambiente político.

Como foi o crime

 O guarda municipal Marcelo Arruda morreu na madrugada deste domingo (10) em sua festa de 50 anos de idade após levar três tiros disparados pelo bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, da Polícia Penal Federal (PPH).

Marcelo havia sido candidato a vice-prefeito da cidade pelo PT em 2020, era diretor do Sindicato de Servidores Públicos do município e tesoureiro do PT em Foz. A festa acontecia na Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), toda ela com temas vinculados ao PT e à candidatura Lula, com cantos e vivas ao ex-presidente. Veja abaixo o vídeo da festa antes do assassinato. 

O assassino interrompeu a festa cerca de 20 minutos antes do assassinato. Ele parou seu carro do lado de fora da Aresfi, onde acontecia a comemoração, aos gritos de “é Bolsonaro, seus filhos da puta”. Ele estava com sua esposa e filha no carro. Quando Marcelo Arruda saiu da festa para ver o que acontecia, o assassino apontou o revólver, enquanto a mulher gritava, “para com isso, vamos embora”. Ele deixou o local em seguida, prometendo voltar aos gritos: “Eu vou voltar e matar todos vocês, seus desgraçados”

Ato contínuo, Marcelo foi até seu carro e pegou seu revólver funcional, afirmando a uma pessoa da festa, "vai que esse maluco volta mesmo, eu não vou ficar desprevenido”. A festa prosseguiu por mais 20 minutos até que o bolsonarista assassino voltou e invadiu o local de arma em punho. Marcelo identificou-se como guarda municipal, mostrando seu distintivo e já com sua arma nas mãos, mas de nada adiantou. Guaranho disparou duas vezes.

O primeiro tiro foi na perna de Marcelo Arruda, que caiu. Como numa execução, o policial penal federal aproximou-se e deu outro tiro. O líder do PT recebeu o tiro nas costas, conseguiu virar-se e deu cinco tiros no bolsonarista. Segundo um amigo de Marcelo, “com sua reação, ele conseguiu evitar uma chacina, foi um herói”.

O líder do PT morreu pouco depois e o assassino na manhã deste domingo num hospital da cidade.