CONSTRANGEDOR

Reunião de Bolsonaro com embaixadores termina sem perguntas e aplausos tímidos

Presidente reuniu embaixadores estrangeiros para mentir sobre o sistema eleitoral brasileiro e atacar ministros do TSE e STF

Bolsonaro em reunião com embaixadores.Créditos: Reprodução
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A reunião que Jair Bolsonaro (PL) fez com embaixadores estrangeiros nesta segunda-feira (18) para mentir sobre o sistema eleitoral brasileiro terminou de maneira constrangedora.

Ao final da apresentação, o presidente agradeceu e recebeu aplausos tímidos dos embaixadores presentes. A ideia seria que, após o discurso de Bolsonaro, representantes diplomáticos fizessem perguntas. Nenhum deles, no entanto, se inscreveu para perguntar e o evento foi finalizado. 

Nas redes sociais, internautas compartilharam vídeo dando conta, supostamente, de que Bolsonaro não foi aplaudido, mas as imagens, na verdade, estavam sem som. Ao assistir o vídeo com áudio, no entanto, é possível constatar que a salva de palmas foi tímida. Segundo alguns dos presentes na reunião, a maior parte dos aplausos teria partido de assessores e funcionários do governo

Mentiras 

Na reunião com embaixadores estrangeiros, foi exibida uma apresentação de Power Point com teorias conspiratórias, já desmentidas em inúmeras ocasiões, sobre suposta fraude nas urnas eletrônicas. Entre as mentiras contadas por Bolsonaro, está, por exemplo, a de que as urnas não são auditáveis. 

Outra mentira proferida pelo presidente é sobre o inquérito da Polícia Federal, autorizado pelo STF, sobre suposto ataque hacker às urnas eletrônicas em 2018. O TSE, no entanto, já informou que, na apuração, foi concluído que não houve qualquer tipo de fraude ou alteração nos resultados. 

Mesmo assim, Bolsonaro trouxe o assunto novamente à tona e defendeu que as eleições municipais de 2020 não tivessem sido realizadas. "Até hoje esse inquérito não foi concluído. Entendo que não poderia ter as eleições de 2020 sem apuração", disparou. 

Bolsonaro resgatou inúmeras mentiras que vem contando sobre o sistema eleitoral há mais de um ano, sem apresentar qualquer tipo de prova. 

Ele citou, por exemplo, vídeos que mostram eleitores tentando digitar "17" na urna, em 2018, e o equipamento mostrando que essa seria uma opção de voto inválida. Acontece que, nesses vídeos, os eleitores digitam o número eleitoral na etapa em que deveriam digitar o número do candidato a governador, e não a presidente. 

Em meio às mentiras sobre o sistema eleitoral, Bolsonaro aproveitou a reunião com embaixadores, ainda, para atacar ministros do STF e TSE. 

Ele afirmou, por exemplo, que o ministro Edson Fachin é advogado do MST, informação já desmentida em inúmeras ocasiões, se referindo ao movimento como um grupo "terrorista", e que o magistrado "soltou Lula" - o que também é mentira, já que a revogação da prisão do ex-presidente foi uma decisão tomada pelo plenário do STF. 

"Fachin, Moraes e Barroso. São três pessoas apenas. Três pessoas que trazem instabilidade para o nosso país. Fachin tornou Lula elegível e agora preside o TSE. Moraes advogou para bandidos no passado e Barroso defendeu o terrorista italiano", declarou. 

O presidente, em dado momento de seu discurso golpista, ironizou a presença de observadores internacionais no Brasil para acompanhar as eleições. 

“Eu peço aos senhores, o que essas pessoas vêm fazer no Brasil? Vêm observar o quê que o voto é totalmente informatizado? Vêm dar ares de legalidade?", questionou. 

Toda a transmissão da reunião usada para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro e atacar ministros do STF e TSE foi transmitida pela TV Brasil, uma emissora pública.