GOVERNO BOLSONARO

Corrupção: PF prende laranja de empresa ligada ao Centrão turbinada no governo Bolsonaro

Operação tem como alvo contratos da empreiteira Construservice com a Codevasf, controlada pelo Centrão. Nas buscas já foram apreendidos itens de luxo, como bolsas e relógios, e dinheiro vivo.

Jair Bolsonaro na Polícia Federal.Créditos: Presidência da República
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A Polícia Federal desencadeou uma operação nesta quarta-feira (20) que tem como alvo contratos da empreiteira Construservice com a Codevasf, órgão do governo federal que é controlado pelo Centrão. A suspeita de que a empresa, que foi turbinada durante o governo Jair Bolsonaro (PL), seja pivô de um escândalo de corrupção envolvendo verbas públicas do chamado orçamento secreto, estratégia usada pelo presidente, juntamente com Arthur Lira (PP-AL), para comprar base de apoio no Congresso.

Um empresário,  apontado pelas investigações como "sócio oculto" da empreiteira foi preso temporariamente, enquanto a polícia cumpre busca e apreensão na superintendência do Maranhão da Codevasf, alvo das suspeitas, além de outros alvos.

Estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e um de prisão temporária. Os crimes sob investigação são fraudes em licitação, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Nas buscas já foram apreendidos itens de luxo, como bolsas e relógios, e dinheiro vivo. A ações acontecem nas cidades de São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas, no Maranhão.

A operação foi batizada de Odoacro, em referência ao sobrenome de um soldado italiano que liderou uma revolta para dar fim ao Império Romano - um dos alvos era conhecido pela alcunha de "Imperador".

Segundo a PF, "a investigação constatou a existência de um engenhoso esquema de lavagem de dinheiro, perpetrado a partir do desvio do dinheiro público proveniente de procedimentos licitatórios fraudados".

Entenda

Segunda empresa que mais venceu licitações na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a Codevasf, a empreiteira maranhense Construservice tem como sócios duas pessoas que, em 2015, já haviam declarado em investigação policial que eram usadas como laranjas.

A construtora tem mais de R$ 140 milhões em contratos com a companhia, entregue por Jair Bolsonaro (PL) ao Centrão, tendo recebido mais de R$ 10 milhões desde 2019.

No período, a empresa só recebeu recurso do governo federal, segundo dados do Portal Transparência.

Nos documentos, constam como sócios duas pessoas que  admitiram que foram chamadas para constar formalmente como sócias na construtora mas que não mantinham nenhuma ligação pessoal ou empresarial entre eles.

A empresa teria como sócio oculto Eduardo José Barros da Costa, conhecido como Eduardo Imperador ou Eduardo DP.

Investigações do Ministério Público do Maranhão e da Polícia Civil apontam Costa como suspeito de comandar uma quadrilha responsável por crimes em mais de 40 municípios do estado, pelo menos de 2009 a 2012.

Ao todo, 80 policiais federais cumpriram as determinações judiciais expedidas pelo 1ª Vara Federal de São Luís/MA, que decorreram de uma representação elaborada pela Polícia Federal.

Se confirmadas as suspeitas, os investigados poderão responder por fraude à licitação, lavagem de capitais e associação criminosa. Somadas, as penas podem chegar a 16 anos de prisão.

Ciro Nogueira

Em outubro de 2019, a advogada Juliana e Silva Nogueira Lima (PP-PI), de 45 anos, irmã do novo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), ganhou um cargo na Codevasf, que é conhecida como a “estatal do Centrão”.

Juliana foi nomeada em 8 de outubro de 2019 como assessora do presidente da Codevasf. 

O cargo da irmã de Ciro Nogueira é comissionado, portanto de livre nomeação. A advogada recebe mensalmente salário bruto de R$ 17.875,55. A mãe dela, Eliane e Silva Nogueira Lima (PP-PI), assumiu a vaga no Senado deixada pelo filho, que foi alçado ao Ministério da Casa Civil após negociar o apoio do Centrão a Bolsonaro.