MÁGOA

Viúva de Major Olímpio ao falar de morte do senador: "Culpo o governo"

Senador, que rompeu com Bolsonaro ainda em 2019, faleceu em decorrência da Covid-19 em março de 2021

Major Olímpio.Créditos: Marcos Oliveira/Agência Senado
Escrito en POLÍTICA el

Em entrevista ao portal UOL divulgada neste sábado (23), Cláudia Olímpio, viúva do senador Major Olímpio, fez duras críticas a Jair Bolsonaro (PL) e revelou profundas mágoas de seu marido com relação ao presidente, de quem o parlamentar era aliado. Olímpio morreu em março de 2021 em decorrência da Covid-19. 

Apesar de ter comparecido a um protesto de comerciantes em Bauru (SP) contra as medidas de restrição em razão da pandemia pouco antes de ser internado em decorrência da Covid, Olímpio defendia a vacinação e, segundo Cláudia, a viúva, ele só foi à manifestação para ouvir os comerciantes. À época, o senador já era rompido com Bolsonaro. 

Segundo Cláudia, o governo Bolsonaro era, para Olímpio, o maior "desgosto" de sua vida política. A viúva associa a forma como o presidente conduziu o combate à pandemia a morte do marido

"Culpo o governo federal pelo descaso com que tratou a doença (...) Era uma gripezinha, né? A pandemia não existia. Ninguém da família deles [Bolsonaro] morreu, então tá bom", disparou. 

"Quero ser vacinado", disse Olímpio antes de morrer 

Dois meses antes de ser diagnosticado com Covid-19, doença que o vitimou em março de 2021, o senador Major Olímpio gravou um vídeo para uma campanha de incentivo à vacinação. Ele tinha 58 anos e faleceu após mais de duas semanas internado, antes de conseguir ser imunizado.

"Não se trata de defesa de ideologia, partido político ou preferência pessoal. O único caminho para combater o coronavírus é a vacinação da população. Vidas brasileiras importam. Quero ser vacinado. Participe, apoie e multiplique", disse Olímpio em vídeo gravado no dia 4 de janeiro de 2021, antes do início da vacinação no Brasil, que começaria semanas depois.

À época, Olímpio fazia coro às críticas a Jair Bolsonaro pelo atraso na vacinação contra a Covid no Brasil. O senador chegou a participar de aglomerações em atos contra o fechamento do comércio e as medidas restritivas, semanas antes de ser internado, mas vinha sustentando uma postura crítica ao "negacionismo criminoso" de Bolsonaro, com quem era rompido desde 2019. 

"Hoje o país está desesperado. Mais de 200 mil mortos e nós estávamos de recesso. Negacionismo criminoso de presidente da República e de ministro da Saúde, ministro criminoso que é criminoso por ação e por omissão", havia dito Olímpio em 1º de fevereiro ao abrir mão de sua candidatura à presidência do Senado.