VIOLÊNCIA POLÍTICA

Mais da metade dos eleitores já sofreu constrangimento ou ameaça por posição política, diz Datafolha

Levantamento mostra ainda que 49% deixaram de falar sobre política para evitar brigas; maiores alvos de intolerância são apoiadores de Lula e do PT

Eleitor de Bolsonaro vota usando arma na eleição de 2018.Créditos: Reprodução
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Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (31) revela o grave quadro de intolerância política que o país atravessa. Segundo o levantamento, mais da metade dos eleitores (54%) afirma ter sofrido nos últimos meses algum tipo de constrangimento ou ameaça - verbal ou física - por expressar opinião política

Apoiadores do PT (63%) e do ex-presidente Lula (58%), além daqueles que reprovam o governo Bolsonaro (62%), pretos (60%), homossexuais e bissexuais (65%) são os principais alvos deste tipo de intolerância. 

O estudo mostra, ainda, que 49% das pessoas aptas a votar no país deixaram de falar sobre política com amigos e familiares para evitar brigas. 

Os dados vem à tona em um momento de intensificação da violência política, que é praticada principalmente por bolsonaristas contra opositores ao governo. Nos últimos meses, ganharam repercussão nacional casos de ameaças de morte feitas por apoiadores de Jair Bolsonaro, agressões e até mesmo assassinato, a exemplo do caso do petista Marcelo Arruda, morto a tiros pelo policial penal Jorge Guaranho sob os gritos de "aqui é Bolsonaro". 

Violência política no Brasil 

Levantamento feito pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral da UniRio mostra que a violência política no Brasil cresceu 335% nos últimos três anos

A pesquisa indica que, apenas em 2022, foram registrados 214 casos de violência política. Para modo de comparação, ao longo de todo o ano de 2019 o Observatório registrou 47 casos.

Os dados utilizados pelo Observatório da Violência Polícia e Eleitoral são produzidos a partir do mapeamento de ameaças, homicídios, atentados, homicídios de familiares, sequestros e sequestro de familiares. 

O último boletim, que abrange os meses de abril a junho, revela que: 

- Desde o início da contagem, em janeiro de 2019, até o presente momento, foram registrados 1209 casos;

- No segundo trimestre de 2022, 101 casos de violência foram contabilizados. Em comparação ao trimestre anterior, houve recuo de 10,06%; 

- Em comparação com o mesmo trimestre em 2020, ano das eleições municipais, houve um aumento de 17,4% no número de casos; 

- 23 estados tiveram ao menos um caso de violência política. Acre, Alagoas, Amapá e Roraima não registraram episódios de violência política; 

- São Paulo lidera com 17 casos de violência, seguido por Bahia e Rio de Janeiro com 10 casos cada; 

- Foram contabilizados 24 homicídios no período. As mortes aconteceram em 14 estados brasileiros, com destaque para o Paraná, com quatro casos.