Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu as declarações e a postura do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, em relação à interferência das Forças Armadas nas eleições.
O ex-presidente do STF usou as redes sociais para comentar a fala de Nogueira, durante audiência na Câmara dos Deputados, dizendo que as Forças Armadas estavam “quietinhas em seu canto” e foram chamadas a colaborar.
“Convido as pessoas com um mínimo de conhecimento da trágica história política brasileira a um exame sereno e lúcido da frase do ministro da Defesa, um general que faz parte do grupo de auxiliares do primeiro escalão do presidente da República”, publicou Barbosa.
Em seguida, disparou: “Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro. Ponto”, publicou Barbosa.
O magistrado continuou com as críticas: “Insistir nessa agenda de pressão desabrida e cínica sobre a Justiça Eleitoral, em clara atitude de vassalagem em relação a Bolsonaro, que é candidato à reeleição, é sinalizar ao mundo que o Brasil caminha paulatinamente rumo a um golpe de Estado. Pense nisso, general”.
Barbosa concluiu: “Um aspecto importantíssimo, que singulariza o Brasil no concerto das democracias, reside precisamente no seguinte: temos um ramo da Justiça, independente, concebido precisamente para subtrair o processo eleitoral ao controle dos políticos. E dos militares de casaca, claro”.
General voltou a cobrar reunião para debater propostas para as eleições
A audiência usada por Nogueira para mencionar novamente a “importância” das Forças Armadas no processo eleitoral ocorreu na Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados. O encontro contou, também, com a participação dos comandantes da Marinha, Exército e Força Aérea.
O ministro da Defesa cobrou, novamente, a realização de uma reunião entre técnicos das Forças Armadas e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para debater “algumas das propostas” para serem implementadas nas eleições de outubro.
O general Nogueira também voltou a criticar as urnas eletrônicas: “Sabemos muito bem que esse sistema eletrônico necessita sempre de aperfeiçoamento. Não há programa imune a ataque, imune a ser invadido. Tem os bancos que gastam milhões com segurança e eu tive meu cartão clonado há três semanas. A minha esposa, no ano passado. Isso é fato. As propostas das Forças Armadas foram realizadas de setembro até agora, com muita tranquilidade, transparência”, disse o oficial que chefia a pasta militar do governo federal, utilizando-se de analogias sem sentido.