INJUSTIÇA

MPF desiste de acusar jornalista perseguido por anos na Operação Lava Jato

Paulo Salvador, da Rede Brasil Atual e administrador da Gráfica Atitude, era acusado pelo MPF de lavagem de dinheiro para a Petrobras, mas provas nunca foram apresentadas. Promotores “declinaram” da acusação

Créditos: Poder Judiciário Federal
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Coordenador da Rede Brasil Atual e administrador responsável pela Editora Gráfica Atitude, o jornalista Paulo Roberto Salvador passou anos sendo acusado pelo Ministério Público Federal do Paraná, no âmbito da Operação Lava Jato, de ter usado a empresa de comunicação para lavar dinheiro por meio de contratos fraudulentos assinados com a Petrobras. Agora, após a execração pública fruto da sanha persecutório dos procuradores liderados por Deltan Dallagnol, sob coordenação do ex-juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba, a ação contra ele não terá sequência, uma vez que o MPF “declinou” da tarefa de seguir o acusando.

O início da perseguição remonta o ano de 2015, quando o MPF o apontou como responsável pela celebração de contratos de prestação de serviços “ideologicamente falsos”, no valor de R$ 2,4 milhões, entre os anos de 2010 e 2013, com o Grupo Setal/SOG Óleo e Gás. A tentativa de incriminar Salvador passava por uma suposta rede de ilegalidades que teria tido apoio de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera, e Augusto Mendonça, executivo da Setal/SOG Óleo e Gás. A acusação teria partido deste último, em sua delação premiada.

Nada ficou provado contra o jornalista, uma vez que a Justiça Federal reconheceu até aqui que os contratos assinados com a Gráfica Atitude eram normais, para prestação de serviços reais e que jamais caracterizaram qualquer ilegalidade. O caso, agora, mesmo diante de toda a falta de provas, será encaminhado à Justiça Eleitoral por questões de foro e competência.

“A gente sempre alegou inocência. Eram contratos normais e a revista teve 120 números e com média de 300 mil exemplares distribuídos, tudo normal dentro dos preços de mercado. Foram contratos que serviram, inclusive, para alavancar a publicação. Nunca teve nada fora da lei, foi uma mera perseguição política”, relembra Salvador.

“Quem me acusou diz que negociou com o (João) Vaccari, com o (Renato) Duque, que isso era um dinheiro para ser dado ao PT e que por isso ele fez o contrato com a editora. Só que a editora tem uma única conta bancária e ele nunca provou nada disso, até porque o dinheiro seguiu lá, não tem dinheiro transferido para ninguém, nada! O que nós fizemos foi um trabalho normal, um trabalho de jornalismo patrocinado e recebemos por isso, sem dar ou repassar nada a ninguém. Ficou tudo com a editora, a prestadora do serviço”, explicou o jornalista, que se sente aliviado com o reconhecimento até aqui de sua inocência.

Sobre o porquê de investir nessa área naquele momento, o coordenador da Rede Brasil Atual (RBA) explicou que a área de atividade do Grupo Setal/SOG Óleo e Gás vinha sendo muito afetada pelas constantes denúncias e pelas notícias negativas, o que, portanto, justificaria o investimento em comunicação para melhorar a imagem do setor.

“Ele (Mendonça) tinha interesse, com toda a razão, de investir em matérias jornalísticas porque a Petrobras e o setor de petróleo e gás naquela época eram muito agredidos, e não à toa tudo nessa área foi destruído. Era natural que ele investisse em propaganda, em jornalismo, para mostrar o outro lado do setor, para fortalecer o setor. Tudo dentro da normalidade e da lei”, argumentou Salvador.

Sem os promotores federais o acusando, mas ainda com a insistência da Justiça Federal em seguir com o caso, o processo foi remetido agora à Justiça Eleitoral e não tem prazos nem etapas de instrução previstos até o momento.