BLINDAGEM

PGR volta a defender arquivamento de inquérito que investiga Bolsonaro

Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral, atacou Alexandre de Moraes e disse que o ministro violou o sistema acusatório ao determinar novas medidas na apuração

Lindôra Araújo é vice-procuradora-geral.Créditos: Gil Ferreira/Agência CNJ
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou, nesta segunda-feira (1), mais um parecer para que o Supremo Tribunal Federal (STF) arquive inquérito contra Jair Bolsonaro (PL). O presidente é investigado por suposto vazamento de dados sigilosos sobre ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“O órgão de representação da União evidenciou a ‘absoluta ausência de necessidade para nova remessa dos autos à Polícia Federal, fato que per se, diante do conteúdo definitivo e conclusivo das últimas manifestações da Procuradoria-Geral da República, revela injustificável excesso de prazo e abuso investigatório’”, destacou a representação assinada pela vice-procuradora-geral Lindôra Araújo.

Ela ainda atacou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, o acusando de violar o sistema acusatório ao determinar novas medidas na apuração.

Lindôra também negou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, tenha agido irregularmente ao solicitar o fim das investigações. A vice-procuradora afirmou que o PGR agiu de forma técnica, isenta de “qualquer desiderato [desejo] de prejudicar ou beneficiar determinadas pessoas”.

“Sendo evidente violação da própria Constituição Federal a pretensa responsabilização, inclusive no âmbito criminal, do Procurador-Geral da República por aqueles que discordam da sua convicção jurídica”, acrescentou, segundo o G1.

Bolsonaro e Lindôra têm mantido “encontros secretos” desde 2020

Segundo informações divulgadas na quinta-feira (28) pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, Bolsonaro teria mantido encontros secretos com Lindôra desde 2020, a quem prometeu inclusive a principal cadeira da PGR, após a saída de Augusto Aras em 2023, caso seja reeleito.

Ainda de acordo com a coluna, o deputado federal Alberto Fraga (Democratas-DF) foi quem teria apresentado a vice-PGR ao presidente em 2020, quando Lindôra ainda atuava como como coordenadora de Assessoria Jurídica Criminal na PGR. Isso foi antes do deputado romper relações com Bolsonaro, em 2021, após sua esposa falecer vítima da Covid-19.

À época, Lindôra conduzia inquéritos criminais a respeito de governadores de estados e havia o interesse do presidente nos casos de João Doria e Wilson Witzel, então governadores de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. E a partir desses encontros e da sugestão de interlocutores, Bolsonaro encaixou Lindôra na cúpula da PGR, junto com Aras, após as aposentadorias de Celso de Mello em 2020 e de Marco Aurélio Mello em 2021.