ELEIÇÕES 2022

WhatsApp: MPF quer liberação de comunidades só em 2023 para conter fake news nas eleições

Funcionalidade, anunciada em abril,, permitirá integração de grupos de interesses em comunidades com administradores que podem viralizar conteúdos com mais facilidade.

WhatsApp.Créditos: Pixabay
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Instalado em 99% dos aparelhos celulares no Brasil, o WhatsApp deve deixar para implantar o novo recurso, de comunidades, somente em 2023, caso siga as recomendações do Ministério Público Federal (MPF), que busca conter uma onda de fake news durante as eleições com a novidade, anunciada em abril pela Meta, empresa que administra o app e também redes, como Facebook e Instagram.

Em recomendação ao WhatsApp, o MPF diz que o adiamento da nova funcionalidade tem como objetivo "evitar que a atual política de enfrentamento à desinformação da empresa seja alterada ainda neste ano, em um momento no qual fake news sobre o funcionamento das instituições e a integridade do sistema de votação brasileiro podem colocar em risco a estabilidade democrática do país".

Segundo o WhatsApp, a nova funcionalidade permitirá que grupos da plataforma sejam integrados em espaços de interesse comum, chamados “Comunidades”. 

Dessa forma, será possível reunir diferentes grupos que tenham relação entre si, como em uma comunidade que congregue grupos de WhatsApp de um determinado grupo político para propagação de informações.

Para o MPF, isso pode  vir na contramão de medidas eficientes que a própria plataforma tem adotado, nos últimos anos, para conter a disseminação de fake news.

Entre os motivos de preocupação do órgão, está o fato de que usuários no papel de administradores destas Comunidades poderão, valendo-se de “avisos”, mandar mensagens para todos os milhares de integrantes dos grupos que elas congregarem, de uma só vez.

Tal recurso, a depender de como será usado após ser implementado, poderá aumentar a capacidade de as pessoas viralizarem conteúdos por meio do aplicativo.

Segundo o MPF, quando as Comunidades forem implementadas, seus administradores poderão enviar mensagens a até 2.560 pessoas de uma só vez, o que representará um aumento de dez vezes no limite de envios iniciais de mensagens hoje em vigor na plataforma.

Para o MPF, esse tipo de fake news, quando disseminado em larga escala no ecossistema da internet, viola o direito à informação dos cidadãos e das cidadãs e mina sua confiança no sistema representativo do país. Além disso, em períodos de instabilidade institucional e de polarização, pode alimentar manifestações violentas que colocam em perigo a própria integridade das instituições nacionais e até mesmo a segurança da população.

Em razão disso, o órgão entende que ela deva, por cautela, ser implementada somente no início do ano que vem, dando tempo para que, até lá, os responsáveis pelo WhatsApp apresentem um relatório detalhado que analise eventuais impactos desses recursos sobre a atual política de contenção à desinformação em vigor na plataforma, com foco em fake news que colocam em risco a integridade de processos democráticos, como o atualmente em curso, e os direitos humanos neles envolvidos.