GOLPISTAS

Empresários bolsonaristas fazem defesa explícita de golpe caso Lula vença eleição

Ataques ao STF e TSE, estratégia envolvendo as Forças Armadas e até mesmo uso de violência para impedir o retorno de Lula à presidência dão a tônica em grupo composto por empresários como José Koury e Luciano Hang

Bolsonaro em cerimônia militar.Créditos: Alan Santos/PR
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Reportagem do jornalista Guilherme Amado no portal Metrópoles, divulgada nesta quarta-feira (17), revela que empresários bolsonaristas, em um grupo de WhatsApp, defendem abertamente um golpe de estado caso Lula (PT) vença as eleições de outubro. 

No grupo, denominado "Empresários & Política", estão figuras como Luciano Hang, das lojas Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da rede de shoppings Multiplan; José Koury, do Barra World Shopping; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de roupas de surfe Mormaii.

Segundo Amado, que vem monitorando o grupo digital, as conversas se baseiam em ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exaltação das Forças Armadas como uma instituição necessária para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder e até sugestões de atos violentos para impedir um retorno de Lula ao Palácio do Planalto. 

A defesa explícita de um golpe de Estado foi feita pelo empresário José Koury no dia 31 de julho. "Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, escreveu, sendo endossado por Afrânio Barreira, do Coco Bambu, que reagiu à mensagem com uma figurinha de aplausos. 

André Tissot, do Grupo Sierra, por sua vez, também falou abertamente sobre golpe. "O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo.[Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”, disparou. 

Já o empresário Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii, sugeriu que as Forças Armadas sejam usadas de forma estratégica nos atos bolsonaristas de 7 de setembro, reforçando a narrativa golpista de seu colega. 

 “O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”, escreveu. 

Antes, Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia, já tinha ido na mesma linha com outra mensagem: "Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público". 

Já a sugestão de uso da violência contra um eventual retorno de Lula ao Palácio do Planalto foi feita por Morongo no mês de maio. “Se for vencedor o lado que defendemos, o sangue das vítimas se tornam [sic] sangue de heróis! A espécie humana SEMPRE foi muito violenta. Os ‘bonzinhos’ sempre foram dominados… É uma utopia pensar que sempre as coisas se resolvem ‘na boa’. Queremos todos a paz, a harmonia e mãos dadas num mesmo objetivo… masssss [sic] quando o mínimo das regras que nos foram impostas são chutadas para escanteio, aí passa a valer sem a mediação de um juiz. Uma pena, mas somente o tempo nos dirá se voltamos a jogar o jogo justo ou [se] vai valer pontapé no saco e dedo no olho”, declarou o bolsonarista. 

Procurados pelo jornalista Guilherme Amado, os empresários citados na reportagem negam que defendem golpe de Estado, apesar de não questionarem a veracidade das mensagens. Confira a íntegra da matéria aqui