ELEIÇÕES 2022

Deu no New York Times: "Bolsonaro tem medo de ser preso, e com razão"

Em artigo, Vanessa Barbara, escritora de opinião no jornal dos EUA, diz que "o sinal enviado é inconfundível: Bolsonaro está desesperado para evitar a derrota. E tem todos os motivos para isso".

André Mendonça, Jair Bolsonaro e Kássio Nunes Marques.Créditos: STF
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Artigo da escritora Vanessa Barbara na edição desta segunda-feira (8) do jornal The New York Times, dos EUA, relata o medo que Jair Bolsonaro (PL) tem de ser preso em caso de vitória de Lula (PT) nas eleições de outubro. E segundo ela, há razão para isso.

"A poucos meses das eleições presidenciais em outubro, que ele se encaminha para perder, Bolsonaro está claramente preocupado em também ser preso por exercer “atos antidemocráticos,” como ele mesmo diz, usando um eufemismo pouco característico. Esse temor explica suas tentativas enérgicas de desacreditar a eleição antes mesmo que ela ocorra — por exemplo, quando ele decide reunir dezenas de diplomatas estrangeiros para enxovalhar o sistema eletrônico de votação do nosso país", diz o texto.

Para a escritora, "a verdade é que Bolsonaro tem motivos suficientes para temer a prisão" e está cada vez mais difícil acompanhar a lista das acusações de crimes contra o presidente brasileiro e seu governo.

Além do inquérito das fake news conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Vanessa Barbara lista ainda uma série de delitos que não se limitam à esfera digital.

"Escândalos de corrupção definiram sua administração, sendo que o estrago começa em casa. Dois de seus filhos, que também detêm cargos públicos, foram acusados por procuradores estaduais de Justiça pelo roubo sistemático de verbas públicas ao embolsar parte dos salários de aliados e de funcionários-fantasmas que constavam de suas folhas de pagamento. Acusações similares foram feitas ao próprio presidente, em relação a seu período como deputado federal. Em março, ele foi indiciado por improbidade administrativa por manter uma funcionária-fantasma como sua secretária parlamentar por 15 anos. (A suposta assessora era, na verdade, uma vendedora de açaí.)", escreve, lembrando o caso de Wal do Açai, que cuidava da casa do então deputado Bolsonaro no litoral fluminense enquanto constava como funcionária do gabinete em Brasília.

A escritora ainda cita as acusações de corrupção no MEC e o relatório final da CPI da Covid. 

"O relatório recomenda que Bolsonaro seja indiciado por nove crimes, incluindo emprego irregular de verbas públicas, violação de direitos sociais e crimes contra a humanidade", diz no texto.

O texto diz ainda que Bolsonaro "responde a essa vertiginosa folha de acusações com ordens de sigilo", ironizando os decretos de 100 anos de sigilo decretados pelo presidente em diversas ocasiões.

Segundo ela, no entanto, o "maior desafio" de Bolsonaro "é ganhar o eleitorado".

"E aqui, mais uma vez, Bolsonaro recorre a truques e gambiarras. Em julho, o Congresso aprovou uma emenda constitucional — apelidada de “PEC Kamikaze” pelo ministro da Economia — que dá ao governo o direito de gastar mais de 7,6 bilhões de dólares (41 bilhões de reais) extras em auxílios sociais e outros benefícios até 31 de dezembro. Se parece uma tentativa descarada de incitar o apoio da população, é porque é mesmo".

Por fim, Vanessa Barbara diz que "o sinal enviado é inconfundível: Bolsonaro está desesperado para evitar a derrota. E tem todos os motivos para isso".