LULAFLIX

Campanha de Bolsonaro gastou 7 milhões com empresa por trás do site com mentiras sobre Lula

As fake news parecem ser um ótimo negócio para quem apoia o atual presidente; a Magic Beans Comunicação, operadora do Lulaflix, que o diga

Na véspera da eleição, Bolsonaro cria e impulsiona site de fake news sobre Lula; petista aciona TSECréditos: Reprodução / Jornalistas Livres
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A Magic Beans Comunicação, cujo responsável é Lucas Allex Pedro dos Santos, de 27 anos, é a empresa por trás do site Lulaflix – que compila conteúdo negativo e muitas vezes mentiroso sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - e faturou cerca de R$ 7 milhões da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL). É o que diz a capa do jornal Folha de S. Paulo na noite desta sexta-feira (16).

A empresa foi contratada pela campanha presidencial por R$ 4 milhões. Mas seu nome já aparecia nas prestações de contas do PL desde a pré-campanha. De acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgadas pela Folha, no período anterior às campanhas foram feitos três pagamentos pelo partido para a empresa entre os dias 10 de junho e 21 de julho. O total desses pagamentos, R$ 3,1, foi quitado com o fundo partidário.

No começo do ano a empresa teria tido uma injeção de capital que desdobrou para uma reformulação geral e ampliação das atividades da empresa. Além do famigerado Lulaflix, que será discutido no TSE a pedido da campanha de Lula, se é legal ou não, a empresa ainda foi contratada por R$ 100 mil por Eduardo Cunha (PTB-SP) que busca um retorno à Câmara dos Deputados em Brasília.

Além da troca do nome do proprietário da empresa para o de Lucas Allex, a principal mudança ficou em torno do seu capital social que foi de R$ 1 mil para R$ 150 mil. A Magic Beans Comunicação atua na produção e disparo em massa de conteúdo digital para a campanha de Bolsonaro e afirma não ter ingerência sobre o conteúdo do material produzido. De acordo com apuração da Folha, Lucas Allex nunca havia trabalhado com campanhas políticas ou com políticos e comemorou a projeção que uma campanha presidencial poderia dar à empresa.

Entenda o caso

Estagnado nas pesquisas e diante da possibilidade cada vez mais concreta de ser derrotado já no primeiro turno da eleição, Jair Bolsonaro, assim como fez na campanha eleitoral de 2018, vem investindo pesado em fake news e ataques ao seu principal adversário, no caso o ex-presidente Lula. Desta vez, no entanto, o presidente deu um passo além e não está se limitando a proferir ataques e mentiras em discursos ou postagens nas redes sociais e aplicativos de mensagens. Sua coligação, composta pelo Partido Liberal, Republicanos e Progressistas, criou recentemente um site dedicado exclusivamente a divulgar fake news contra Lula.

Trata-se do "Lulaflix", criado no dia 30 de agosto. Através de uma pesquisa de domínio, a reportagem da Fórum constatou que a titularidade da página é atribuída a “Jair Messias Bolsonaro” e ao CNPJ 47.508.748/0001-63, justamente o da coligação do presidente. O dado é público e está disponível página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A campanha de Bolsonaro não só colocou o site no ar como financiou seu impulsionamento junto ao Google. Isto é, pagou para que o buscador mostre a página ao internauta que pesquisar pelo termo "Lula" ou relacionados. Entre uma série de mentiras propagadas em textos não assinado, há uma antiga fake news: a de que o ex-presidente tem ligações com a organização criminosa PCC. Outra, em meio a inúmeras do tipo, diz que o petista é "a favor" do roubo de celulares.

Os advogados da campanha de Lula tomaram conhecimento sobre o site "Lulaflix" na segunda-feira (12) e no dia seguinte ajuizaram uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Bolsonaro e sua coligação por impulsionamento ilícito de propaganda eleitoral. Os advogados solicitam ao tribunal que o Google seja notificado para suspender o impulsionamento do site e pede ainda para que a página eletrônica seja retirada do ar.