MILITARES NO ALVO

Lula mirou comandante do Exército em recado: "Forças Armadas não são poder moderador"

Declaração de Lula de que houve "conivência" de "muita gente das Forças Armadas" com atos terroristas teve como alvo o general Júlio César de Arruda, que proibiu a PM de retirar golpistas acampados no QG de Brasília.

Lula com Flávio Dino e o general Júlio César de Arruda, comandante do Exército.Créditos: Ricardo Stuckert / Ministério da Defesa
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No café da manhã com jornalistas na última quinta-feira (12), Lula fez a declaração mais dura sobre a conivência de uma parcela das Forças Armadas aos golpistas que desencadearam uma série de atos terroristas que destruiu o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o edifício-sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

Após defender a permanência de José Múcio Monteiro no Ministério da Defesa, o presidente mandou um recado para as Forças Armadas.

“As Forças Armadas não são poder moderador como eles pensam que são. As Forças Armadas tem um papel definido na Constituição que é a defesa do povo brasileiro e a defesa da nossa soberania contra conflitos externos. É isso que eu quero que eles façam bem feito”, afirmou.

Segundo Guilherme Amado, no site Metrópoles, o recado de Lula tinha um alvo claro: o comandante do Exército Júlio César de Arruda.

O presidente teria se revoltado com a atitude do comandante da força, que no dia 8 de janeiro, após os ataques terroristas, teria comunicado a Flávio Dino, ministro da Justiça, que acatou o pedido do general de divisão Gustavo Henrique Dutra de Menezes, chefe do Quartel-General de Brasília, de não permitir uma ação da Polícia Militar no acampamento golpista durante a noite. 

Suposto diálogo divulgado pelo jornal The Washington Post neste domingo (15) mostra que Arruda teria dito claramente ao ministro Flávio Dino: "Você não vai prender ninguém aqui". O diálogo ocorreu na noite do fatídico dia 8 de janeiro.

Na conversa com os jornalistas, Lula ainda apontou a "conivência" de "muita gente das Forças Armadas" com os golpistas.

“Estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas que foram gravadas dentro da Suprema Corte, da Câmara, do Palácio do Planalto. Teve muita gente conivente. É importante dizer”, afirmou o presidente. “Teve muita gente da Polícia Militar conivente, teve muita gente das Forças Armadas aqui de dentro conivente. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada. Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui”, acrescentou.