MAIS CONFLITOS AGRÁRIOS

“Parar reforma agrária no país foi um crime”, diz Paulo Teixeira

Ministro fala sobre retomada da reforma agrária no Brasil, processo interrompido por decisão do TCU de 2016, que suspendeu seleção de novos beneficiários

Créditos: Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
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O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que a suspensão da reforma agrária no Brasil “foi um crime”. Uma decisão Tribunal de Contas da União paralisou, em 2016, os processos de seleção de novos beneficiários e de assentamento de beneficiários já selecionados. Assim, o Brasil ficou até este ano parado nessa área. Teixeira concedeu entrevista à mídia alternativa, promovida pelo Barão de Itararé, da qual a Revista Fórum foi um dos veículos participantes.

“Imagine se você parasse o programa de vacinação, seis anos, fica um enorme contencioso. E o contencioso acaba resultando nos conflitos agrários, que são muito agudos no nosso país”, explicou.

“No governo passado, nesse período de nove meses, morreram 25 pessoas. Ou a gente busca resolver esses conflitos, e a partir da sua solução, nós vamos, de um lado, produzir alimentos, do outro lado, diminuir a desigualdade social. Esses são os dois efeitos do programa da reforma agrária.”

Segundo o ministro, a decisão de 2016 acórdão do TCU fez uma avaliação frágil, “totalmente sem critério dos assentamentos, e dizia que havia irregularidade”. “O que o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] teve que fazer? De quase 400 mil famílias, tinham três mil irregularidades. O que não dava 1%. Mas isso foi suficiente para parar o programa de reforma agrária por seis anos.”

Paulo Teixeira explicou ainda que o programa de reforma agrária está previsto na Constituição Federal. “Ao paralisá-lo, estava ali uma situação de descumprimento da Constituição. E agora o país volta, sob a batuta do presidente Lula, a cumprir a Constituição.”

“Temos 57 mil famílias morando em acampamento. Temos casos de crianças que nasceram em um acampamento e já são mães naquele mesmo acampamento. A mãe que morava no acampamento continua morando e já tem netos no acampamento, morando debaixo de lona. O programa de reforma agrária quer dar uma vida decente a essas pessoas que querem trabalhar no campo. Foi assim que esse país virou o que é. Fez um programa de reforma agrária para os italianos lá na Serra Gaúcha e virou aquela potência para os alemães no Rio Grande do Sul, os poloneses em Santa Catarina, enfim, para os portugueses, para os espanhóis, para os japoneses. Mas se recusa a fazer para aqueles de origem africana. E nós temos que fazer, nós temos que concluir o programa de reforma agrária, que muitas vezes é interditado como fora antes. O que é reforma agrária? É terra, também é crédito. Reforma agrária é assistência técnica, é levar tecnologia, bens para essas famílias progredirem e serem famílias que têm melhores condições de vida e mais oportunidades no nosso país.”

O ministério já anunciou a retomada do Plano Emergencial de Reforma Agrária e pretende lançar um plano nacional ainda neste ano. Nesse emergencial, lançado em agosto na Marcha das Margaridas, serão 5.711 novas famílias assentadas e criados oito assentamentos, além disso, 40 mil famílias terão a situação regularizada. 

Assista à entrevista: