TERCEIRO TURNO?

Presidência do Senado: Apoiado por Lula, Pacheco vê reforço na base; Moro desce do muro e vota com bolsonaristas

Negociações seguem horas antes da eleição. Pacheco já tem declarados 38 dos 41 votos necessários para conseguir a reeleição. Moro declarou voto no candidato do PL, que pede sua cassação na Justiça.

Rodrigo Pacheco com Lula e Rogério Marinho ao lado de Bolsonaro.Créditos: Ricardo Stuckert / Carolina Antunes
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Considerada uma espécie de terceiro turno das eleições de outubro, quando Lula venceu Jair Bolsonaro (PL) e garantiu seu terceiro mandato no Palácio do Planalto, a eleição para a Presidência do Senado, que acontece nesta quarta-feira (1º) na abertura do ano legislativo, vai dimensionar a força da ultradireita diante do projeto progressista do novo governo.

Com a candidatura à reeleição costurada já durante o processo eleitoral, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) é o favorito e conta com o apoio explícito de Lula, que reservou espaço na agenda para costuras políticas e liberou os parlamentares que comandam ministérios para reforçar a ofensiva contra Rogério Marinho (PL-RN), candidato de Bolsonaro, que se sustenta na antiga base de apoio cooptado pelo ex-presidente por meio do Orçamento Secreto, com quadros do PP e Republicanos, além do PL.

Por fora, o extremista Eduardo Girão (Podemos-CE) lançou uma candidatura de protesto, que além do próprio voto, deve ter o do tucano Plínio Valério (PSDB-AM), reduzindo de 81 para 79 o número de "votos válidos" na disputa.

Pacheco, que tem apoio dos partidos da base do governo, larga com 37 votos certos - MDB (10), PT (9), PSB (4), PDT (3) e Rede (1) -, enquanto Marinho soma 23 votos consistentes - PL (13), PP (6) e Republicanos (4).

Para vencer, são necessários 41 votos dos 81 senadores da Casa. Na última contagem feita pelo Estadão - que consultou todos os senadores - divulgada nesta terça-feira (31), Pacheco tinha 38 votos declarados e Marinho 29, além dos 2 de Girão.

Contas e negociações

Na manhã desta quarta, horas antes da votação, as negociações seguem intensas. Na terça, Marinho recebeu apoio de dois dos três senadores do PSDB:  Izalci Lucas (PSDB-DF) e Alessandro Vieira (PSDB-SE). O terceiro é Plínio Valério, que vota em Girão.

Outro apoio recebido pelo bolsonarista foi de Sergio Moro (União-PR), que diante da escolha muito difícil optou por continuar com a base do ex-chefe e declarou voto no candidato do PL, partido que quer cassar sua candidatura.

"Apoiarei @rogeriosmarinho para a Pres do Senado. Nada contra o Sen Rodrigo Pacheco. Meu voto será a favor da oposição firme ao Gov do PT. Sou contra radicalismos e a favor de uma alternativa democrática para o país, com economia liberal, políticas sociais e o combate à corrupção", diz o ex-juiz, que se tornou ministro de Bolsonaro, foi escorraçado do governo e voltou para os braços do ex-presidente durante as eleições.

Marinho também obteve apoio de 3 senadores do PSD, partido de Pacheco: Nelsinho Trad (PSD-MS), Samuel Araújo (PSD-RO) e Lucas Barreto (PSD-AP).

Araújo, no entanto, havia participado de um jantar na casa de Weverton Rocha (PDT-MA) em apoio a Pacheco e, mesmo tendo declarado apoio a Marinho, teria garantido que votará no candidato de seu partido.

Base com Pacheco

Nesta quarta foram publicadas as exonerações de cinco ministros de Lula, que voltam - ou assumem o mandato - ao Senado para garantir votos em Pacheco: Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Camilo Santana (Educação), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Renan Filho (Transportes) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Em meio às negociações, o PSB, do vice Geraldo Alckmin, filiou três novos senadores: Flávio Arns (PR), Jorge Kajuru (GO) e Chico Rodrigues (PE), que foi preso e se notabilizou por tentar esconder dinheiro na cueca durante o governo Bolsonaro. Rodrigues também empregou o sobrinho do ex-presidente, Léo Índio, em seu gabinete.

Com 10 senadores e dividido, o MDB deve ser o fiel da balança na votação para a Presidência do Senado, embora a maioria capitaneada por Renan Calheiros (AL) tenha snalizado apoio a Pacheco - apenas Ivete da Silveira (SC) declarou voto em Marinho. O partido vai ficar na mira sobre possíveis traições.

No total, 10 senadores não quiseram responder e outros 3 não foram localizados para expor seus votos. A maioria deles, como Romário (PL-RJ) e Márcio Bittar (União-AC) estavam na base bolsonarista até o ano passado. 

 

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