Jair Bolsonaro pode estar cada vez mais próximo de ser preso. Nesta quinta-feira (2), o ex-presidente, que já é investigado pela Polícia Federal por, supostamente, ter cometido o crime de genocídio contra os indígenas Yanomami, e que é tido como o mentor dos atos terroristas promovidos por seus apoiadores no dia 8 de janeiro - caso que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) -, se complicou ainda mais diante de uma grave denúncia feita pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES).
O parlamentar revelou em entrevistas à imprensa que participou de uma reunião no Palácio da Alvorada no dia 9 de dezembro em o ex-deputado Daniel Silveira detalhou um plano de golpe de Estado sob o consentimento de Bolsonaro.
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O plano consistiria em Marcos do Val marcar uma reunião com Alexandre de Moraes para grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de tirar do magistrado uma declaração comprometedora, como a de teria "extrapolado" a Constituição e, assim, fazer com que as eleições fossem anuladas, Bolsonaro se mantivesse no poder e o magistrado fosse preso. Segundo o relato, Bolsonaro estaria de acordo com o plano e prints de mensagens do deputado Daniel Silveira a Marcos do Val após a reunião confirmam em partes o conteúdo do encontro golpista.
Na tarde desta quinta-feira (2), após a denúncia vir à tona, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que, "tijolo a tijolo, se evidencia que construíram um edifício golpista e terrorista", anunciando que pedidos de prisão "virão" - em uma possível indicação de que pode existir, em breve, um pedido para que Bolsonaro seja preso.
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Importante ressaltar que o ex-deputado Daniel Silveira, um dos que teriam tramado o plano de golpe de Estado junto a Bolsonaro, voltou à prisão também nesta quinta por ordem de Alexandre de Moraes.
"Tijolo a tijolo, se evidencia que construíram um edifício golpista e terrorista. Ainda que incompetentes e desvairados, havia 'profissionais' dedicados à obra. Alguns já estão presos, outros pedidos virão. Não haverá impunidade para bandidos que tentaram assassinar a Constituição", escreveu Dino em suas redes sociais.
Bolsonaro teria confirmado reunião golpista
De acordo com apuração da jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, Jair Bolsonaro, a aliados, confirmou que participou da reunião relatada por Marcos do Val, mas que teria ficado em silêncio e que somente Silveira teria falado no encontro. Bolsonaro teria informado a interlocutores que permaneceu “absolutamente calado, inclusive com medo do descontrole e do medo de ser gravado por Daniel Silveira”.
Seja como for, mesmo que tivesse ficado em silêncio, Bolsonaro poderia responder pelo crime de prevaricação, já que teria presenciado o planejamento de um golpe de Estado, dentro da residência oficial da presidência, sem comunicar o fato à Justiça.
ogo que a denúncia de Marcos do Val veio à tona, o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, já havia confirmado a realização da reunião citada, dizendo, porém, que não houve nada de ilícito.
“Sobre o que está sendo noticiado hoje com relação ao senador Marcos do Val, ele já havia me relatado o que tinha acontecido, que isso seria trazido a público. Contudo numa linha de que essa reunião que aconteceu, ela seria uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoas que estavam nessa reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal”, declarou.
“Eu peço aqui, obviamente, que todos os esclarecimentos sejam feitos e eu não peço aqui nem abertura de inquérito, pq a situação narrada não configura nenhum tipo de crime. Mas que todos os esclarecimentos sejam feitos para que não fiquem narrativas em cima de narrativas no intuito de superar os fatos. Fato é que dia 31 de dezembro o presidente Bolsonaro deixou a presidência”, prosseguiu Flávio Bolsonaro.
Ainda nesta quinta-feira, Marcos do Val prestará depoimento, autorizado por Moraes, à Polícia Federal, no âmbito do inquérito que apura os atos golpistas do dia 8 de janeiro e que devem implicar diretamente Bolsonaro.