A Justiça do Rio de Janeiro recusou nesta sexta-feira (3) os recursos apresentados pelos irmãos Carlos e Eduardo Bolsonaro, e manteve a sentença de agosto de 2022 que os obriga a pagar uma indenização de R$ 20 mil cada para o ex-deputado Jean Wyllys. A ação cobrava dano moral por conta de ataques virtuais sofridos pelo ex-parlamentar após a difusão de uma teoria que o associava a Adélio Bispo, o autor da facada em Jair Bolsonaro (PL) ainda durante da campanha eleitoral de 2018.
A decisão foi tomada pelos juízes da 1ª Turma Recursal do Tribunal de Justiça do RJ e manteve um outro tópico da sentença original. Eduardo e Carluxo também terão de postar o documento que os condena nas mesmas redes sociais que usaram para difamar Jean Wyllys. A multa diária para o não cumprimento da medida é de R$ 10 mil.
O ex-parlamentar entrou com a ação em 2020, quando sofreu um ataque massivo nas redes sociais vindos das bolhas bolsonaristas. Na ocasião, processou mais de 10 pessoas ligadas à extrema direita entre políticos e influenciadores. Entre os que também foram condenados estão o já falecido e autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, os deputados federais Bibo Nunes e Bia Kicis, além do das 'estrelas' da CPI da Covid-19, Frederick Wassef e Otávio Fakhoury.
Todos compartilharam um vídeo do youtuber bolsonarista Oswaldo Eustáquio que propagava a tese de que Jean Wyllys seria “o elo” entre Adélio Bispo e a Câmara dos Deputados.
João Tancredo, advogado de Jean Wyllys, avaliou para O Globo que a difamação do cliente vinha em um contexto de abafar uma crise interna do governo Bolsonaro. Dois dias antes, Sérgio Moro havia abandonado o Ministério da Justiça e Segurança Pública acusando o então presidente de tentar aparelhar a Polícia Federal. “A cortina de fumaça agora cobra o seu preço, ainda que barato dianta de tamanhos prejuízos trazidos por essa corja”, declarou.