A Rodovia dos Tamoios (SP-99), uma das poucas que homenageiam povos indígenas, pode vir a ter o nome de um banqueiro. Um projeto em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) visa mudar o nome da estrada, que liga São José dos Campos, no Vale do Paraíba, a Caraguatatuba, no Litoral Norte, para "Rodovia dos Tamoios - Joseph Safra", em referência ao libanês naturalizado brasileiro, morto em 2020, que fundou o Banco Safra.
O projeto, de autoria do deputado Heni Ozi Cukier (Podemos) foi protocolado em setembro de 2022. Um acordo feito no colégio de líderes da Alesp previa a aprovação da proposta já na próxima semana sem que ela passasse por discussão no plenário.
A deputada Monica Seixas (PSOL), então, entrou com recurso e recolheu número de assinaturas suficiente para que o projeto de lei seja não aprovado a toque de caixa e passe por análise de todos os parlamentares. PSOL, PT e PCdoB, inclusive, prometem barrar a proposta.
"São Paulo tem tanta rodovia com nome de quem não merece tal honraria e querem acabar logo com a que reconhece os povos mais longevos do litoral brasileiro e que têm uma importância histórica para a região que a rodovia está localizada. Vamos barrar essa proposta no Plenário", disse à Fórum o deputado Emidio de Souza.
Indígenas Tamoios
A rodovia em questão homenageia o povo Tamoios, indígenas que habitavam o Vale do Paraíba e a costa paulista, e que foram dizimados após a chamada "Confederação dos Tamoios", uma investida dos colonizadores portugueses em busca de escravos.
Estima-se que o povo Tamoio teve população de até 70 mil pessoas. O nome da etnia vem de Ta'Mõi que, em Tupi significa avós - o que antropólogos interpretam ser um indicativo de que eles eram o grupo Tupi que há mais tempo estava instalado no litoral de São Paulo e Rio de Janeiro.