SEGURANÇA PÚBLICA

Ataques a escolas: Lula faz coro com Moraes e diz que "rede digital do mal" predomina

Presidente reuniu autoridades dos três poderes, governadores e prefeitos para buscar soluções contra atentados. Lula criticou "ricos" donos das big techs e disse que é preciso diferenciar liberdade de expressão de "cretinice".

Lula e Alexandre de Moraes em reunião sobre ataques a escolas.Créditos: Reprodução de Vídeo
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Em reunião no Palácio do Planalto para ações integradas de combate aos ataques nas escolas, nesta terça-feira (18), Lula fez coro com Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que em fala anterior havia dito que os assassinos que agem nos colégios usam o mesmo "modus operandi" dos extremistas que atacaram as urnas eletrônicas e articularam atos terroristas. O ministro ainda responsabilizou as chamadas big techs pela disseminação de conteúdo de ódio nas redes.

"Nós estamos diante de um fato novo, porque a violência existe desde que a gente nasceu, a periferia desse país é tomada de violência todos os dias e morre muita criança e menor. O fato novo é que invadiram o lugar que, para nós, é tido como lugar de segurança. É verdade: toda mãe quando leva o filho para a escola ou para a creche, ela tem certeza que o filho está seguro. Isso ruiu. Ruiu porque temos um instrumento avassalador. As redes, que nós não deveríamos chamar de rede social, mas de rede digital. E tem a rede digital do bem e do mal. E há uma predominância da rede digital do mal. As pessoas gostam de mentira, de fake news. É só ver como foi a última eleição", disse Lula na reunião onde estavam presentes políticos simpáticos a Jair Bolsonaro, como o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC).

Em seguida, Lula falou no nome do ministro - a quem se referiu ainda como "querido Alexandre" - na primeira das três vezes em que citou o ministro na reunião.

"As chamadas plataformas, grandes empresas que ganham dinheiro com a divulgação da violência, estão cada vez mais ricos. Alguns são os empresários mais ricos do planeta Terra. E continuam divulgando qualquer mentira, não tem critério. Por isso, eu resumiria essa reunião aqui na frase do Alexandre de Moraes: as pessoas não podem fazer na rede digital aquilo que é proibido na sociedade", disse Lula, que ao final do discurso voltou a agradecer o ministro, a quem se referiu como um dos maiores especialistas no tema.

"Não é possível ficar fazendo propaganda de arma, ensinando criança a atirar. É isso que a gente vê todo santo dia. E a verdade é que uma criança de 6, 7, 8 anos repercute na escola o que ele houve dentro de casa", emendou o presidente.

Lula, então, falou da importância da educação digital, focada nos pais que repassam aos filhos o discurso de ódio e da regulamentação das redes sociais para separar o que classificou como "liberdade de expressão e cretinice".

"Eu vou confessar uma coisa que penso há muito tempo: ou nós temos a coragem de discutir a diferença entre liberdade de expressão e cretinice ou nós não vamos chegar muito à frente. Ou nós levamos em conta a necessidade de educar os pais, porque a família tem que estar envolvida nesse processo, tem que ter responsabilidade de cuidar da escola. Tinha gente que tirava as crianças da escola pública para colocar na privada porque tinha mais segurança. E está provado que não tem", afirmou.

Lula afirmou que a reunião histórica para discutir "um tema tão importante" foi apenas a primeira e que o grupo, que reuniu representantes de diversos poderes, governadores e prefeitos é apenas a primeira de muitas.

"Nunca antes na história do país houve uma reunião como essa para discutir um problema tão sério. Vocês estão participando da reunião mais importante para discutir segurança nas escolas que já houve nesse país. E ela só foi convocada porque eu tomei consciência que eu não tenho solução definitiva para o caso. E eu quero compartilhar a sabedoria de vocês".

Assista.