DESCULPA ESFARRAPADA

VÍDEO - Bolsonaro diz que Michelle usava dinheiro vivo para comprar absorventes

Em outubro de 2021, durante seu mandato, o ex-presidente vetou a distribuição gratuita do item a mulheres pobres

Bolsonaro em live após Operação Venire, da PF.Créditos: Reprodução
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou com jornalistas nesta quinta-feira (18), em Brasília, sobre uma série de assuntos que têm sido abordados em seus recentes depoimentos à Polícia Federal. Um deles é a investigação que apura um esquema de rachadinha dentro do Palácio do Planalto, gerido pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que recolheria depósitos e dinheiro vivo para supostamente pagar despesas da então primeira-dama Michelle. Bolsonaro aproveitou o momento para dar a sua explicação sobre a destinação dos 35 mil dólares e R$ 17 mil em espécie encontrados na residência de Cid.

“Quando mexe com familiar, minha esposa no caso, é um negócio muito pessoal. Ela deu uma entrevista muito grande, para uma revista muito grande, que vai ser mostrado aqui o que ela falou no fim de semana. Ela até desconhecia (…) Ela tem quatro calhamaços de notas fiscais de 2019, 2020, 2021 e 2022. Me parece que a própria Polícia Federal viu para ter certeza. Só que as compras dela são absorvente, uma roupinha para a filha, manicure e cabeleireiro”, disse o ex-presidente em vídeo gravado por Gabriela Vinha, para o Uol, e que pode ser assistido a seguir.

Na última semana foram revelados áudios obtidos pela PF que mostram o pagamento de despesas em dinheiro vivo pela ex-primeira-dama. As transações, segundo a defesa do clã, se referiam a pagamentos à amiga Rosemary Cardoso, de quem Michelle usaria um cartão crédito porque, segundo sua versão, não teria condições de ter um próprio o marido seria “pão-duro” demais para dar-lhe um. Michelle então faria suas despesas cotidianas no cartão da amiga e a reembolsaria no mês seguinte, com dinheiro vivo, através de Cid.

Bolsonaro vetou distribuição de absorventes em 2021

Quando em 7 de outubro de 2021, durante o terceiro ano do seu mandato, o então presidente Jair Bolsonaro sancionava a criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, através da Lei 14.214, ele ao mesmo tempo vetava um outro programa que previa a distribuição de absorventes pelo governo federal para mulheres de baixa renda e em vulnerabilidade socioeconômica.

O PL 4968/2019, de autoria da deputada Marília Arraes (à época do PT-PE), havia sido aprovado no Senado um mês antes e só aguardava a sanção presidencial para começar a combater a carência de absorventes que compõe um quadro maior de precarização da atenção à saúde menstrual das mulheres brasileiras. Para a maioria das mulheres brasileiras, falta acesso a atendimento ginecológico e a produtos básicos de higiene, como os absorventes.

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Zenaide Maia (Pros-RN), relatora do projeto no Senado, declarou à época de que cada quatro meninas, uma falta à escola durante o período menstrual por ter acesso a absorventes. Bolsonaro não quis nem saber, e hoje recorre a compra deste item básico para justificar-se perante a Polícia Federal e a imprensa. "Então mulher começou a menstruar no meu governo?", ironizou o ex-presidente à época do veto.