Documentos sigilosos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) revelados nesta sexta-feira (7) mostram quem são os principais líderes do assim chamado Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), acusado de articular os atos antidemocráticos registrados em Brasília no último dia 8 de janeiro. Setores ligados ao agronegócio compõem o grupo que levou bolsonaristas do Norte e do Centro-Oeste para a capital federal.
O relatório intitulado “Participação de lideranças do agronegócio em atos antidemocráticos e em ações de contestação do resultado eleitoral” foi revelado para o jornal O Globo. O documento foi produzido em 10 de janeiro e tem a numeração 0005/2023. A Abin fez um levantamento que começou logo após o segundo turno das eleições, quando integrantes do MBVA lideraram bloqueios de rodovias em Goiás, Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins.
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De acordo com a Abin, o grupo tem “recursos econômicos para financiar transporte de manifestantes e ações extremistas como as ocorridas em 8 de janeiro”.
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O MBVA surgiu em 2017, formado basicamente por produtores de soja do Centro-Oeste. De acordo com a Abin, cresceu antagonizando com os setores do agro voltados para a exportação. Enquanto os exportadores apresentam maiores preocupações ambientais e trabalhistas, com vistas a não perder vendas para a Europa e os EUA, os produtores ligados ao MBVA carregam valores mais próximos do bolsonarismo, com pouca ou nenhuma preocupação ambiental e social. A Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) teria contribuído com o MBVA na organização de atos favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A principal liderança, tratado por “general” dentro do MBVA, é Antônio Galvan – que ainda acumula a presidência da própria Aprosoja. Galvan já foi alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo apoio aos atos golpistas e, quando intimado a dar depoimento à Polícia Federal, compareceu à sede da PF em cima de um trator e acompanhado de apoiadores. No ano passado, candidatou-se senador pelo Mato Grosso pelo PTB de Roberto Jefferson. Felizmente não se elegeu.
Ainda segundo o relatório da Abin, o advogado e produtor rural Jeferson Rocha seria uma espécie de líder intelectual do MBVA. Nas redes sociais ele defendeu a anulação das eleições e o controle sobre o STF. Rocha negou participação nos atos golpistas à imprensa.