À vontade em cerca de uma hora de entrevista na Globonews, canal da família Marinho que arquiteta a frente ampla pró Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) em 2026, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, cometeu um sincericídio ao expressar o que acha dos bolsonaristas presos e condenados pelos ataques do 8 de Janeiro.
LEIA TAMBÉM:
CCJ: Aliados tentam emplacar anistia a golpistas do 8/1 que beneficia Bolsonaro
Ao falar da PL da Anistia, que vai à votação nesta terça-feira (29) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Costa Neto se referiu aos golpistas como "golpistas" em sua análise a Andreia Sadi.
Indagado sobre as negociatas do partido e do ex-presidente, que condicionam o apoio ao Projeto de Lei ao voto dos 92 deputados da sigla no candidato à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na Presidência da Câmara, o cacique do PL expressou o que pensa.
"Nesse processo, eu acredito que não se pode incluir Bolsonaro, que é só para os golpistas", disse Costa Neto, enfatizando o termo.
Ao deixar os estúdios da Globo, o presidente do PL teria tomado um pito de Jair Bolsonaro por admitir, usando o termo, que houve uma tentativa de golpe. O caso ainda teve forte repercussão nas redes, onde extremistas partiram para cima do político, que tem raízes históricas no Centrão.
À noite, Costa Neto usou o perfil oficial do PL para pedir "desculpas pelo equívoco gerado" e culpou Andreia Sadi pelo uso do termo.
"Hoje, em uma entrevista que foi ao ar na Globonews, utilizei o termo 'golpistas' ao me referir aos presos em 8 de janeiro. Quero esclarecer que essa expressão foi mencionada pelos repórteres durante a conversa, razão pela qual a utilizei, mas que não reflete minha opinião pessoal sobre o que aconteceu naquele dia", afirmou.
Em seguida, o presidente do PL diz que "analisando minha fala, é evidente que não acredito que os eventos de 8 de janeiro tenham se configurado como um golpe de Estado".
"Na verdade, considero que foram ações desordenadas, que, infelizmente, resultaram em condenações severas", emendou.
Bolsonaro preso?
Em rota de colisão com Bolsonaro, em uma disputa pelo fundo milionário da sigla, Costa Neto falou em prisão do ex-presidente em entrevista a Letícia Casado e Carla Araújo, do Uol, no último dia 24, e e projeta o lançamento de um "poste" do ex-presidente em 2026, desde que não seja a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Mesmo diante da denúncia iminente do ex-presidente em três investigações conduzidas pela Polícia Federal - contrabando de joias, falsificação do cartão de vacinas e tentativa de golpe -, Costa Neto afirma que o PL ainda trabalha com a hipótese de reversão da inelegibilidade, mas sinaliza que outros caminhos para 2026 já são debatidos.
"O Bolsonaro vai ser candidato. Sabe por quê? Se prenderem o Bolsonaro e ele lançar de candidato um poste para Presidente da República?", disse o cacique do PL.
Em nova declaração machista, Costa Neto descartou, segundo ele a mando de Bolsonaro, que Michelle assuma o posto e seja colocada como "poste" do ex-presidente na disputa contra Lula.
"Ele não quer a Michelle em cargo executivo. Ele já falou pra mim. Porque ela não tem experiência de administração pública, de lidar com as coisas de pessoal difícil, coisas de político e tal. E é verdade", disse o "boy", considerando política coisa de homem.
Já em relação ao governador paulista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que vem sendo assediado pela sigla para deixar o Republicanos, de Edir Macedo, Costa Neto se empolga, em alinhamento com o projeto da Globo e do Centrão, que querem o ex-ministro como candidato da terceira via.
"Tarcísio é aliado 100%. Não tem problema nenhum, ele é Bolsonaro roxo", respondeu.