AUSCHWITZ

“Auschwitz”: grupo de Mauro Cid planejava criar campo de prisioneiros

Relatório da PF traz conversa entre militares golpistas sobre a criação de um local nos moldes dos campos de concentração nazista

Campo de concentração nazista em Auschwitz, no sul da Polônia.Créditos: Lukel / Pixabay
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Há um trecho do relatório da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado que é estarrecedor. Nele, um grupo criado por Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), intitulado "Dosssss!!!" formado por oficiais que fizeram o curso das Forças Especiais, os chamados “Kids Pretos”, discute a criação de um campo de prisioneiros.

Na conversa, um major perguntou se alguém estava se planejando um “CPG sem aparelhos”. A sigla, segundo explicação da PF, significa “campo de prisioneiros de guerra”. O tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, então, responde “Auschwitz”, em alusão à rede de campos de concentração da Alemanha nazista.

Militar não foi indiciado

A conversa aconteceu no dia 19 de novembro de 2022. O militar que fez a pergunta não está entre os 37 indiciados pela polícia. Mauro Cid, por sua vez, fez um acordo de delação premiada e contribuiu com as investigações.

O mesmo major que fez a pergunta sobre um campo de prisioneiros, comentou no mesmo dia: “Vai ter careca arrastado por blindado em Brasília?”, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A PF ainda explica no relatório:

"Auschwitz é o nome do mais mortal e famoso campo de concentração nazista onde foram assassinadas um milhão de pessoas23 (a grande maioria formada por cidadãos judeus)."

A defesa de Rafael de Oliveira foi procurada pelo Globo e afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito e que não deve se pronunciar até ter conhecimento total.

O indiciamento

A Polícia Federal indiciou na quinta-feira da semana passada o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 36 homens, a maioria militares por tentativas de golpe de Estado e de abolição do Estado democrático de direito, além de organização criminosa. O inquérito foi tornado público pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, na última terça-feira.