A adesão de Elon Musk aos ataques a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a divulgação de decisões sigilosas sobre o bloqueio de contas de bolsonaristas na rede X pelo trumpista Jim Jordan na Câmara dos EUA serão usados por Jair Bolsonaro (PL) para incendiar apoiadores radicais no ato marcado para o próximo domingo (21) em Copacabana, no Rio.
Em seu discurso, Bolsonaro vai expor a articulação internacional feita pelo filho "03", Eduardo Bolsonaro (PL), que esteve com congressistas republicanos e com Donald Trump. Mais recentemente, o deputado esteve no Parlamento europeu, onde se encontrou com eurodeputados da ultradireita - inclusive nazistas - e propagou a tese vitimista de que o clã é alvo de perseguição da "ditadura do judiciário".
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Em meio aos encontros de Eduardo Bolsonaro com a internacional fascista, Elon Musk iniciou os ataques a Moraes usando os chamados "Twitter Files Brazil", um conjunto de documentos da rede X com denúncias vazias, usadas pelos bolsonaristas para sustentar a narrativa. Os tuites de Musk incendiaram os grupos bolsonaristas radicais.
Às vésperas do ato, a divulgação, nesta quarta-feira (18) das decisões sigilosas de Moraes para o bloqueio de cerca de 150 perfis na rede durante as eleições de 2022 aumentou a fervura nos grupos bolsonaristas, que já falam até em "suicídio" do ministro do STF e de Lula.
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O relatório, intitulado "O ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administração Biden: o caso do Brasil", foi divulgado pelo Comitê de Assuntos Jurídicos da Câmara dos Estados Unidos
A comissão é presidida pelo republicano Jim Jordan, um apoiador fervoroso do ex-presidente Donald Trump e considerado um expoente da extrema direita norte-americana. Jordan e Eduardo Bolsonaro nutrem relações ao menos desde 2021, quando se encontrou no evento da CPAC, entidade ultraconservadora que dá sustentação a Trump nos EUA e chegou ao Brasil por iniciativa do filho de Bolsonaro.
Antes da divulgação dos documentos, Eduardo Bolsonaro teve, ao menos, 82 encontros presenciais com líderes da extrema-direita dos EUA, segundo levantamento da Agência Pública.
Ato inflamado
A articulação com a internacional fascista será usada por Bolsonaro como gasolina nos já inflamados apoiadores no ato do Rio de Janeiro.
O ex-presidente, no entanto, deve novamente terceirizar os ataques a Alexandre de Moraes e ao STF para parlamentares extremistas e figuras, como o Pastor Silas Malafaia, como fez no evento em São Paulo. O ex-presidente teme que ataques diretos ao ministro, a quem já chamou de canalha, faça com que ele seja preso preventivamente, diante do avanço das investigações.
Após inflamar os apoiadores, Bolsonaro vai usar a narrativa para se desvincular da minuta golpista, principal prova de seu envolvimento direto na tentativa de golpe, que desencadeou nos atos de 8 de janeiro.
Bolsonaro vai replicar o discurso de blogueiros e influenciadores, já propagado nas redes, que a minuta do golpe é "a maior fake news da história", equiparando a articulação golpista com uma suposta consulta feita por Dilma Rousseff (PT) aos militares sobre a decretação de Estado de Sítio em 2016.
"Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência", disse o ex-presidente no ato de fevereiro na Avenida Paulista.
Bolsonaro deve aumentar a fervura e criticar a linha de investigação da PF, além de reforçar a narrativa de "perseguição", se vitimizando pelas investigações que o colocam no centro da organização criminosa que tentou um golpe de Estado após a derrota para Lula.
A derrota, aliás, não será admitida. O ex-presidente pretende usar os documentos divulgados por Musk e trumpistas para comprovar que Lula foi favorecido no processo eleitoral e voltar a levantar dúvidas sobre o sistema de votação no Brasil.