NA CCJ

Bolsonarista radical é escolhido como relator de projeto para anistiar golpistas: "Critério técnico"

Rodrigo Valadares, logo após ser indicado pela também bolsonarista Carol de Toni para a função, revelou pedido de Jair Bolsonaro com relação ao projeto

Jair Bolsonaro e Rodrigo Valadares, relator do projeto que visa anistiar golpistas.Créditos: Divulgação/Rodrigo Valadares
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A bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, escolheu nesta quarta-feira (5) o também bolsonarista Rodrigo Valadares (União-SE) para ser o relator do projeto que visa anistiar presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023

Apoiador radical de Jair Bolsonaro, já tendo participado de atos públicos de apoio ao ex-presidente, Valadares também é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição que ficou conhecida como "PEC da Blindagem", pois exige que medidas judiciais contra parlamentares tenham aprovação da Mesa Diretora da Câmara ou do Senado. 

O deputado foi nomeado como relator do projeto para anistiar golpistas após a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) ter deixado a CCJ. Ela relataria a proposta, mas não foi indicada pelo PSOL para seguir na comissão. 

Ao escolher Valadares para o posto, Caroline de Toni afirmou que seguiu "critérios técnicos"

"É uma pessoa formada em direito, que tem noção do processo penal e do devido processo legal. E também teve contato com inúmeros casos concretos", declarou a parlamentar. 

Carol de Toni já adiantou que pretende beneficiar Jair Bolsonaro com o projeto e incluí-lo entre os anistiados. O ex-presidente é investigado pela Polícia Federal (PF), no âmbito de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), como autor intelectual do movimento golpista que culminou nos atos depredatórios às sedes dos Três Poderes. 

Pedido 

Após ser escolhido como relator do projeto de anistia aos golpistas, Rodrigo Valadares disse que Jair Bolsonaro não será incluído entre os anistiados, ao menos "em um primeiro momento". Ele estaria atendendo a um pedido do próprio ex-presidente. O parlamentar, entretanto, deixou claro que pretende "salvar" o ex-mandatário com sua atuação no Congresso Nacional. 

"O presidente Bolsonaro pediu de maneira clara para que ele fosse excluído desse projeto de anistia. Então esse projeto tratará apenas dos presos e daqueles que respondem processo em relação ao dia 8 de janeiro", disse em entrevista o jornal Folha de S. Paulo. 

"Quando chegar o momento oportuno, espero ser um agente para trabalhar nesse sentido, para que ele possa se tornar elegível para 2026, porque ele é o nosso pré-candidato em 2026. Mas esse projeto da anistia não tem nada a ver com isso", declarou ainda.