VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO

"Cara de vaca" e "queria que fosse homem": vereador é investigado pela PF por ofensas a vereadora

Petista Raquel Auxiliadora, de São Carlos (SP), acionou a Justiça Eleitoral contra Paraná Filho (PP); caso foi parar no Ministério Público, que acionou a Polícia Federal

O vereador Paraná Filho, investigado pela PF por violência política de gênero contra Raquel Auxiliadora.Créditos: Câmara Municipal de São Carlos/Divulgação
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A Polícia Federal (PF) vai investigar o vereador Paraná Filho (PP), de São Carlos (SP), após reiteradas ofensas à vereadora Raquel Auxiliadora (PT), que segundo denúncia constituem violência política de gênero

Em maio, Auxiliadora acionou o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) pelo fato de Paraná Filho, em plena sessão na Câmara dos Vereadores da cidade, agredi-la verbalmente com frases como "gostaria que a senhora fosse homem" e se referir a ela como "cara de vaca"

“Sem ser machista, gostaria que a senhora fosse homem hoje, eu ia descer aqui, não sei o que eu ia fazer exatamente com esse papel aqui”, disparou o vereador, se dirigindo à petista, em uma das ocasiões. 

Em outra, disse que Raquel Auxiliadora é "cara de vaca" e, depois, tentou se corrigir, dizendo que usou o termo "cara lavada". Na justificativa, entretanto, disparou mais uma ofensa: 

“Jamais imputaria isso as coitadas das pobres vaquinhas. Cara de vaca eu jamais chamaria a senhora, até em respeito aos animais. Não chamei em nenhum momento a senhora de cara de vaca, chamei de cara lavada, que é o que ela realmente é e sustento isso em qualquer lugar, profundo respeito às vacas, jamais compararia ela as vacas, jamais”. 

O TRE, ao receber a denúncia, então, remeteu o caso para o Ministério Público Eleitoral (MPE), que determinou à Polícia Federal (PF) abertura de inquérito para investigar Paraná Filho por violência política de gênero. Em ofício, o promotor Mário José Corrêa de Paula ressalta a necessidade que a PF analise a transcrição oficial das falas do vereador nas duas sessões da Câmara Municipal, como intuito de comprovar a autenticidade dos vídeos. 

Em entrevista à Fórum, a vereadora Raquel Auxiliadora destacou a importância da abertura do inquérito para outras mulheres que sofrem ou possam vir a sofrer este tipo de violência. 

"É muito importante o acolhimento do Ministério Público e a investigação da Polícia Federal num caso de violência política de gênero, não só para mim que fui vítima nesse processo em específico, mas para todas as mulheres. A política não pode ser local de violência e as sistemáticas tentativas de impedir as mulheres de estarem e permanecerem na política precisam ser denunciadas, investigadas e punidas de acordo com a lei. Vamos adiante para que nenhuma outra mulher passe por isso", declarou. 

O que diz Paraná Filho 

Ao site A Cidade On, Paraná Filho disse que “não tem conhecimento” da investigação, mas que está “totalmente tranquilo" pois, segundo ele "não ocorreu qualquer violência política, muito menos de gênero".

"A Vereadora se vale mais uma vez do vitimismo para esconder a hipocrisia que lhe é peculiar”, declarou o vereador.