Um possível desdobramento do caso conhecido como ‘Abin paralela’ estaria tirando o sono de Jair Bolsonaro (PL) na noite desta quinta-feira (11), e causando apreensão que promete continuar incomodando ao longo da sexta-feira (12). A Polícia Federal teria encontrado e feito uma devassa em áudio gravado e guardado por Alexandre Ramagem (PL-RJ) em 25 de agosto de 2020 que comprometeria o ex-presidente e seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Ramagem teria gravado escondido a reunião com Jair e o general Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Eles discutiam o favorecimento a Flávio em investigação que apurava a suspeita de um esquema de ‘rachadinha’ em seu gabinete.
Te podría interesar
A reunião teve pouco mais de 1 hora de duração e teria sido encontrada entre os aparelhos eletrônicos de Ramagem. Os investigadores decuparam o áudio e disseram em seu relatório que eram discutidas eventuais irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal que trabalharam no relatório que disparou o inquérito contra Flávio.
O objetivo, segundo o que Ramagem teria dito na gravação, seria instaurar processos administrativos contra esses auditores, a fim de anular seu trabalho, além de transferir alguns nomes dos cargos que ocupavam à época.
Te podría interesar
“Neste áudio é possível identificar a atuação do delegado Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessário instaurar procedimento administrativo contra os auditores da Receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”, diz trecho do relatório da PF já amplamente repercutido na imprensa nacional.
O áudio também é citado na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a quarta fase da operação Última Milha, realizada nesta quinta-feira (11) com o cumprimento de 5 mandados de prisão preventiva contra servidores que operaram a chamada ‘Abin paralela’.
“Igualmente, em relação às investigações relacionadas ao Senador Flávio Bolsonaro, a autoridade policial trouxe informações a respeito do uso da estrutura da ABIN para monitoramento dos auditores da Receita Federal do Brasil, responsáveis pelo RIF – relatório de inteligência fiscal – que deu origem à investigação que apurava o desvio de parte dos salários dos funcionários da ALERJ ('caso da rachadinha'), com o objetivo, inclusive, de 'encontrar podres' sobre os mencionados auditores”, diz trecho da decisão de Moraes, também destacado nos meios de comunicação.
A expectativa é que esse longo áudio encontrado com Ramagem seja divulgado, e pode ser que isso ocorra na sexta-feira (12). Embora ainda não haja nenhuma confirmação nesse sentido, a mera possibilidade já estaria deixando Bolsonaro “muito irritado”, conforme seus aliados disseram ao colunista Valdo Cruz, do g1.
E a razão da irritação é óbvia. Ninguém entendeu por que Ramagem, que é aliado de primeira ordem do ex-presidente, teria produzido e guardado esse material, ao invés de destruí-lo. Se realmente vier a público e for exatamente como tem sido descrito pelos meios de comunicação, Jair deverá ficar ainda “mais irritado”.