FASCISMO BOLSONARISTA

Eduardo Bolsonaro e Nikolas criticam universidades por "lavagem cerebral" com arte

Jornalistas produziram um dossiê a partir do curso de formação de extremistas fascistas do filho de Jair Bolsonaro, que prega a "guerra cultural" e é recheado de misoginia, machismo, racismo e "doutrinação"

Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira, parceiros no curso de formação "terraplanista".Créditos: Instagram
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Os jornalistas Andrea Dip e Niklas Franzen mergulharam no universo da extrema-direita fascista brasileira para entender a "Formação Conservadora", curso de doutrinação online criado por Eduardo Bolsonaro (PL) para doutrinação de extremistas, que conta com participações especiais de nomes como Nikolas Ferreira (PL-MG), Damares Alves (PL-DF) e Gustavo Gayer (PL-GO).

O resultado da imersão no bolsonarismo foi retratado em um  dossiê da Fundação Heinrich Böll, lançado nesta quinta-feira (11).

Baseado principalmente nos "ensinamentos" do guru Olavo de Carvalho, morto em janeiro de 2022, o curso custa R$ 598,80 e é focado especialmente na chamada "guerra cultural",  um “aparato que a esquerda usa para impor sua ideologia”, segundo o filho "03" de Jair Bolsonaro (PL).

No tópico sobre Educação, Eduardo e Nikolas Ferreira - o convidado especial para o tema - atacam as universidades que, segundo eles, promove uma "lavagem cerebral" nos estudantes.

“As pessoas mudam quando entram na universidade porque elas têm uma lavagem cerebral com as questões artísticas. Livros, arte, cultura, Marcuse, faça amor não faça guerra, hippies”, diz o mineiro, formado em Direito pela Puc-Minas.

Eduardo pergunta como se libertar da doutrinação esquerdista e “não virar black bloc, não achar que todo pastor é estelionatário, que todo padre é pedófilo".

Nikolas afirma, segundo o dossiê, que "acordou cedo para a verdade quando leu Olavo de Carvalho" e cita como solução para a educação "o cristianismo e a família", que segundo ele são os pilares mais atacados pela esquerda.

Em conversa com Gayer, no módulo "doutrinação", Eduardo retoma o tema e mira o racismo, que segundo ele é ensinado até mesmo dentro de casa.

"A doutrinação acontece de forma subjetiva, os pais muitas vezes nem percebem. Falando em racismo estrutural, direitos reprodutivos da mulher. Existe racismo por causa dos brancos então vamos odiar os brancos. É muito perverso, transforma a empatia dos jovens em arma”, diz.

Armas

Lobista da indústria das armas, Eduardo doutrina os extremistas do fascismo dizendo que a "violência pode ser boa" no módulo sobre armamento da população.

"Violência pode ser bom, não critique a violência, critique a criminalidade. A  violência pode ser boa, a violência de legítima defesa. Uma pessoa entra na minha casa e começa a tentar estuprar uma pessoa da minha família. Eu pego minha arma e atiro nessa pessoa. Estou fazendo uso da violência pra conter a pessoa para que ele pare de tentar estuprar alguém. É  preferível que você tenha um estuprador morto a uma mulher estuprada, então estou fazendo um bom uso da violência. O problema é o crime e não a violência. A esquerda faz esse jogo de palavras pra tentar te puxar pro mundo deles", diz

Com Damares Alves como convidada, Eduardo ainda faz a defesa da família "tradicional", destilando machismo.

“A família tradicional é pai, mãe e filhos. É para proteger a mulher, porque o homem vai saber que o filho é dele. Porque se a mulher estivesse fazendo sexo com todo mundo, ela não saberia de quem é o filho ou pior, ficaria mais suscetível a um aborto”, diz Eduardo.

Leia a íntegra do dossiê da Fundação Heinrich Böll